Quase metade (42%) dos veículos leves vendidos no Brasil no primeiro semestre deste ano foram pagos à vista, segundo a Anef (das financeiras das montadoras). É o maior percentual desde 2008, início do levantamento.
A restrição ao crédito e a falta de confiança, que reduziram o número de financiamentos para o setor neste ano, são apontadas como as principais razões para a alta das vendas sem parcelamento nas concessionárias.
“O consumidor se baseia em confiança, renda e crédito, fatores que têm se degradado bastante e criam um cenário que impacta a indústria como um todo”, diz Gilson Carvalho, presidente da associação e do Banco Fiat.
A expectativa é que os negócios à vista encerrem o ano em 40%, estima o executivo. Além de um reflexo da menor liberação de recursos por parte dos bancos, a entidade atribui o resultado à facilidade de conseguir descontos para quem paga o valor integral no ato da compra. “O cliente que não consegue pagar à vista, porém, está menos disposto a se endividar, por preocupar-se com o desemprego. Além disso, muitos não dispõem do valor de entrada para financiar.”
Com o maior otimismo na economia e a injeção de recursos do 13° salário, o consumidor deverá se sentir mais confiante para financiar ou entrar em um consórcio, diz.
No acumulado de 12 meses, o saldo da carteira de crédito para a compra de veículos encolheu R$ 24,6 bilhões, segundo o Banco Central.
A inadimplência, de junho para julho, também aumentou: de 5,4% para 6,2%. A Anef projeta que o volume de recursos liberados neste ano deverá cair 15,8% —de R$ 92 bilhões para R$ 77,5 bilhões, com maior número de vendas de carros usados.