Empresários do setor de concessionárias já têm na ponta da língua a justificativa que irão utilizar para se recusar a conceder as reivindicações dos trabalhadores em concessionárias na Campanha Salarial deste ano: a produção em 2012 inferior a do ano anterior. Embora verdadeira, a informação encobre uma farsa, como se pode ler a seguir.
O setor de venda e revenda de veículos explodiu em 2012. Comercializou pelos menos 400 mil unidades a mais que no ano anterior, 2011. Motivo suficiente para os empresários festejarem e concederem as reivindicações salariais dos comerciários que trabalham em concessionárias, certo? Errado. Apesar do lucro, os patrões sempre choram miséria para atender as demandas dos empregados. E para este ano o discurso já está pronto: irão alegar que se produziu menos em 2012 que em 2011. A informação está correta, mas está longe de justificar o não atendimento das reivindicações dos trabalhadores.
No ano passado o setor vendeu sete veículos novos por minuto, 10 mil por dia e 3,8 milhões nos 12 meses. O ano de 2012 terminou com alta de 4,6% nas vendas. Para 2013 a expectativa é de crescimento de mais 4%. “Apenas com a redução do IPI a partir de maio o setor vendeu quase meio milhão de unidades em 2012”, informa o presidente do Sindicomerciários, Jakson Andrade.
“O Brasil nunca vendeu tanto carro quanto no ano passado”, disse o dirigente, segundo o qual a queda de 1,9% do número de veículos fabricados no país, a primeira dos últimos dez anos, se deu exclusivamente com caminhões, ônibus e veículos comerciais leves.
“A produção de carros particulares aumentou”, disse. Além da redução do IPI, o setor também foi impulsionado por um programa lançado pelo governo federal para estimular a inovação em troca de redução de impostos para os fabricantes locais.