Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria na semana passada mostra que 40% dos brasileiros e brasileiras acham que a situação econômica do Brasil está “muito pior” do que há 12 meses.
19% dos entrevistados dizem que a economia está “um pouco pior”, enquanto 30% afirmaram que a situação está igual. O julgamento de Dilma teve início em dezembro do ano passado, quando o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha aceitou a denúncia contra ela. De lá pra cá, confirma a pesquisa da CNI, a economia só fez desandar.
Dado alarmante trazido pela pesquisa é que 57% dos ouvidos pela CNI dizem ter alguém na família que perdeu o emprego nos últimos meses.
A pesquisa, chamada de “Retratos da Sociedade Brasileira”, destaca três consequências da crise sobre as famílias. 48% delas passaram a usar mais transporte público. 14% passaram suas crianças de escolas privadas para públicas. E 34% perderam seus planos de saúde, o que sinaliza sobrecarga do SUS.
Responsável pela pesquisa, Renato da Fonseca falou ao portal da CUT. Ele diz que a CNI acredita que serviços públicos de saúde, educação e transporte “devem ser oferecidos pelo Estado”. Afirma, porém, que a “gestão não é boa”. Fonseca concorda que a maior fatia dos gastos do governo refere-se ao pagamento de juros da dívida. Não vê, porém, necessidade de aumento de impostos.
O assessor da CNI concede que seria preciso rever o escalonamento da estrutura tributária. “Mas não adianta alguém achar que tem uma grande ideia. Isso deve ser debatido por todos”, comenta.
O acirramento da crise e o encolhimento do mercado de trabalho tendem a aumentar a procura por serviços públicos. No entanto, o governo interino avisa que vai intensificar cortes no financiamento das políticas públicas. “O que querem, ao divulgar esses dados, é pressionar pela oferta de mais serviços privados”, diz Leandro Horie, técnico do da subseção do Dieese na CUT Nacional. Ou, ainda segundo Horie, dar suporte a maior corte de direitos trabalhistas.