Durou apenas quatro dias a “suspensão” do calendário de discussão do projeto de reforma trabalhista (PLC 38) no Senado. Depois de anunciar a decisão na última quinta-feira (18), “diante da gravidade do momento que vive o país” e por uma questão de bom senso, o relator do texto, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), disse ontem (22) que apresentará seu relatório na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa nessa terça-feira, em sessão marcada para as 8h30. Ele também é relator da matéria na Comissão de Assuntos Sociais.
“Fomos revisando dia a dia a conjuntura, o aprofundamento da crise. (…) E chegamos à conclusão de que é melhor neste momento não misturarmos a crise do governo com aquilo que é melhor para o nosso país”, disse o relator, segundo o jornal Valor Econômico. Ele adiantou que não vai mudar o texto vindo da Câmara (como PL 6.787), apenas alterando pontos discutidos com o próprio presidente Michel Temer, que, após vetar alguns itens, editaria uma medida provisória. Mas isso foi discutido antes da denúncias que envolveram Temer.
A decisão de não mais suspender o andamento da reforma foi tomada após reunião da bancada do PSDB. Ferraço disse que apresentará seu relatório e concederá vista coletiva para os senadores analisarem o texto. Ele acredita que o parecer poderá ser votado na semana que vem.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou a decisão e pediu que Ferraço e o presidente da CAE, Tasso Jereissati (PSDB-CE), reconsiderem suas posições, sugerindo responsabilidade. “Eu garanto que nós não vamos aceitar. A gente não aceita. Se eles querem trazer essa confusão para dentro do Senado, podem trazer. Nossa postura é de não aceitar que eles façam essa maldade com o povo brasileiro no meio dessa crise. Esse governo acabou”, afirmou.
O projeto também terá de passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa. Naquele colegiado, o relator será Romero Jucá (PMDB-RR).