Vai sobrar para a categoria comerciária a responsabilidade por um recente escândalo envolvendo o site da gigante do varejo Lojas Americanas. A página virtual da empresa colocou à venda pelo menos 37 modelos de camisetas cujas estampas reafirmam posições racistas, homofóbicas e misóginas defendidas pelo candidato de extrema-direita à presidência da República Jair Bolsonaro. Na mesma página, são comercializadas também 26 modelos de camisetas ofensivas contra o ex-presidente Lula.
O fato gerou forte repercussão negativa nas redes sociais e recebeu repúdio veemente do presidente do Sindicomerciários-ES, Rodrigo Rocha, fazendo com que a loja online recuasse e retirasse do ar os produtos à venda. Mas não assumiu a responsabilidade. Preferiu transferir a culpa para o lado mais fraco, a categoria comerciária. Em nota curta publicada no final da tarde desta quarta-feira (29), a Lojas Americanas disse que irá punir os vendedores de camisetas em seu site que fazem publicidade do discurso de ódio do candidato Bolsonaro e achincalhe do nome de Lula.
O controle acionário das Lojas Americanas, no entanto, põe dúvida diante de uma eventual casualidade por parte da empresa. Não há ali uma involuntária coincidência, mas uma ação deliberada.
A Lojas Americanas é controlada pelo empresário Jorge Paulo Lemann, bilionário mais rico do Brasil, que defendeu o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, e financia eventos com grupos de direita como MBL e Vem Pra Rua. Ambos grupos que apoiam o candidato Bolsonaro. Lemann também foi um dos idealizadores da falida candidatura do apresentador Luciano Huck, à presidência da República. Lemann é presidente da Ambev, a gigante multinacional do setor de cervejas, dona das marcas Brahma e Skol. A fortuna de Lemann está avaliada em R$ 60 bilhões.
Em junho passado, a Fundação Lemann, de Jorge Paulo, patrocinou a edição do Brazil Conference at Harvard & MIT, em São Paulo, cujo tema foi “renovação política”. O principal convidado foi o candidato Bolsonaro.