Em março de 1964, quando tropas do Exército foram às ruas para derrubar o governo do presidente João Goulart, Dilma Rousseff era uma estudante de 16 anos que ainda estava começando a se preocupar com política. No ano em que o golpe de 1964 faz 50 anos essa ex-guerrilheira presa e torturada se prepara para disputar mais uma eleição presidencial, a sétima que o Brasil realiza desde a volta dos militares aos quartéis.
É um país diferente, que vive há quase três décadas num regime democrático, em que os governantes são escolhidos pela população em eleições regulares e todo mundo é livre para dizer o que pensa sem medo de ser preso por suas opiniões. Antes de Dilma, o país foi governado por oito anos por um líder operário preso durante a ditadura, Luiz Inácio Lula da Silva.
A chegada dessas pessoas ao poder demonstra que a transição do país para a democracia foi exitosa. Mas ela não foi capaz de pacificar as inúmeras controvérsias provocadas pelo golpe e pela ditadura que nasceu em 1964 na sociedade brasileira. Os crimes cometidos no período são tratados até hoje como um tabu nas Forças Armadas, que não admitem o fato de que milhares de pessoas foram torturadas e algumas centenas foram mortas por se opor ao regime militar.
O fato é que nem toda a truculência, violência e arbítrio dos anos de chumbo conseguiram calar a voz de dirigentes como a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Mas para que chegássemos a esse estado democrático de direito muitos tombaram. Muitos foram presos, torturados e mortos. Deram sua vida para que hoje o Brasil fosse um país livre na plenitude da democracia.
A esses e, sobretudo, ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma, que contribuíram decididamente para assegurar a democracia em nosso país, a direção do Sindicomerciários rende suas homenagens com a certeza de que o medo e a escuridão jamais voltarão aos quartéis e às ruas. Ditadura, nunca mais!