Mais de 40 dirigentes sindicais de todo o Brasil participaram do I Encontro Nacional do Meio Ambiente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT), que foi realizado no início da semana em Serra (ES). Representando o Sindicomerciários estiveram presentes os diretores, Gerúsia Fátima, Jeam Cabidelle, Jemima Jayra, José Amaral, Márcia Matias, Vanderlei Soares e Warlley Giacomim.
Os debates transitaram em duas importantes questões acerca do meio ambiente: a natureza, denominada como o meio ambiente natural e o local de trabalho, definido como o meio ambiente do trabalho.
Durante a abertura, o secretário de meio ambiente da Contracs Lourival Lopes disse estar satisfeito em realizar o encontro, pois este debate é muito importante para os trabalhadores da base. Lourival citou uma reportagem no jornal local televisivo pela manhã, que culpava os trabalhadores pelas faltas de condições de trabalho a que eram submetidos.
Compuseram a mesa a secretária de Meio Ambiente da CUT-ES Vilma Aparecida do Carmo, a presidente do Sinteses-ES Damaris Azevedo, a diretora do Sindicomerciários-ES Jemima Jayra, a presidente da CUT-ES Noêmia Simonassi, o secretário de Meio Ambiente da CUT Nacional Jasseir Fernandes.
O presidente da Contracs, Alci Matos Araujo, destacou que é preciso que o movimento sindical faça ações contundentes para dar condições de vida aos trabalhadores. Com este evento, Alci destacou que a Contracs quer construir bandeiras e permear uma linha de ação na luta dos trabalhadores e trabalhadoras do ramo.
Modelo de desenvolvimento
A primeira mesa de debate contou com uma análise de conjuntura para refletir sobre o modelo de desenvolvimento que queremos. Daniel Angelim, da Confederação Sindical das Américas, destacou que o meio ambiente é um tema novo no movimento sindical e frisou que finalmente alguns países, ramos e sindicatos já estão fazendo esta discussão juntamente com o conjunto da classe trabalhadora.
Política Nacional de Resíduos Sólidos
O coordenador geral da Agência de Desenvolvimento Solidário, Ari Aloraldo do Nascimento, destacou que a lei 12.805 – a Política Nacional de Resíduos Sólidos é muito importante por concentrar em uma mesma legislação diversas questões que estavam dispersas em várias leis e na cabeça dos ambientalistas. Segundo o coordenador geral da ADS, a lei deixa claro os papeis de diversos atores sociais e também determina de quem é a responsabilidade dos geradores de resíduos.
Segundo ele, outro debate importante a fazer é em relação aos catadores, que com o fechamento dos lixões tiveram suas realidades expostas. Para o coordenador da ADS, o movimento sindical precisa saber qual é sua parte neste processo de hierarquização e como a pauta pode estar inserida neste processo.
Transição Justa e Saúde do Trabalhador
O pesquisador do Instituto Observatório Social, Vicente Gomes, iniciou os debates afirmando que transição justa é um tema muito debatido, mas pouco entendido por ser um assunto bastante controverso. Gomes colocou que o meio ambiente e os homens não são partes separadas. Além disso, o pesquisador pontuou que hoje o debate se concentra em como produzir o máximo possível com a menor quantidade de bens naturais.
Campo e cidade: a união dos trabalhadores
No segundo dia do encontro, a mesa da manhã abordou a associação entre campo e cidade e a importância da união dos trabalhadores pela sustentabilidade e qualidade de vida.
Adiel Teixeira da Silva, do MST, relatou sua história de vida e mostrou a todos os participantes do encontro sua simplicidade, emocionando a muitos. Como sem-terra, ele destacou a importância do cuidado com a terra e a importância da política, que é capaz de promover a transformação na vida das pessoas. Segundo ele, é responsabilidade de cada um fazer o debate sobre o meio ambiente e promover as transformações necessárias.
Silva, que estava acompanhado de uma de suas filhas, provocou os dirigentes afirmando que todos que acreditam na transformação social deviam levar seus filhos ao próximo debate que participarem. Por último, o sem-terra mostrou fotos de sua vida no campo e demonstrou como é possível reutilizar de coisas que na cidade são consideradas lixo, como pneus que foram usados para conter uma encosta e também foram reutilizadas em seu terreno como floreiras.
Já a gestora ambiental Patrícia Ferreira destacou o meio ambiente aliado à qualidade de vida. Segundo ela, a questão da água pode provocar uma guerra. Com foco na uso da água, a pesquisadora procurou provocar a reflexão dos dirigentes presentes sobre o uso da água e as possibilidades de políticas públicas voltadas para este assunto.
Patrícia destacou uma afirmação de Edgar Morin, que afirmou que a política da água se fundou na conversão da água de bem comum para um bem econômico, tornando-se um produto de mercado vendido e comprado.
Ao relacionar a questão da água como fundamental para a qualidade de vida dos cidadãos, Patrícia citou as lei 9.433 – da Política Nacional de Recursos Hídricos e as leis estaduais de Recursos Hídricos. Por último, a gestora ambiental destacou que existe âmbitos e espaços que as entidades sociais e sindicais podem ocupar na busca por intervenções na gestão dos recursos hídricos como os comitês de bacias. Para encerrar, Patrícia alertou os dirigentes a ocupar estes espaços que não estão sendo ocupados pelo movimento sindical.