Temendo alta no índice de desemprego em 2015, o governo Dilma busca no PT um ministro do Trabalho com interlocução para dialogar com as centrais sindicais. O principal cotado é José Lopez Feijóo, ligado à CUT e assessor especial do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
A preocupação ocorre após representantes das centrais relatarem ao ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) que, nas últimas semanas, cerca de 10 mil pessoas foram demitidas ou tiveram problema de falta de pagamento por empresas que prestam serviços para as citadas na Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras.
Além disso, auxiliares da presidente estão preocupados com o ajuste fiscal que será promovido pela nova equipe econômica, o que deve afetar empregos no ano que vem.
A avaliação de integrantes do governo é que o PDT, que ocupa o Ministério do Trabalho, não tem base sindical para enfrentar reflexos da crise.
Em 2013, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) deixou o PDT para fundar sua sigla e levou a Força Sindical, esvaziando o partido de Manoel Dias, titular da pasta.
O movimento para emplacar Feijóo agrada o PT. No governo Lula, a pasta foi ocupada por Ricardo Berzoini, Jaques Wagner e Luiz Marinho. Depois, passou para o PDT.
O PT quer recuperar a pasta como estratégia para resgatar as origens da legenda com a base social. Sindicalistas ouvidos pela Folha, porém, afirmam que Feijóo é um dirigente com muita identidade'' com a base sindical e não será para-choque entre governo e trabalhadores. No jargão de um amigo do petista, ele não fará o papel de pelego''.
Membros de outras centrais, como Força Sindical, reagem ao nome dele nos bastidores. Afirmam que Feijóo é atrelado à CUT, da qual foi vice-presidente, e que preferem um técnico para o posto. Se a troca se confirmar, o PDT deve ser deslocado para a Cultura ou Ciência e Tecnologia. A sigla já sinalizou que tem interesse no Esporte.
REFORMA 'DIFÍCIL'
Nesta quarta (17), em uma conversa com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em viagem ao país vizinho, Dilma reclamou da dificuldade para formar o ministério. As duas estavam levantadas, de costas para os microfones nas mesas, mas o áudio foi captado mesmo assim.
"Você não vai ficar para comer?", pergunta Cristina. Dilma responde: "Não, não posso. Amanhã eu tomo diploma, no tribunal, como presidente para tomar posse no dia 1º".
Cristina então pergunta se ela irá anunciar seus ministros. "Não, não vou anunciar amanhã. Estou formando, é muito difícil. Você não sabe, no Brasil, como é."