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Mulheres Negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver

O Brasil tem a maior população negra fora do continente Africano, atualmente somasse aproximadamente 100 milhões de pessoas. Deste número, 49% são mulheres negras, que por sua vez, representam 25% da população brasileira. Essas mulheres sofrem diariamente com a desigualdade de raça e de gênero, com a violência doméstica, o racismo e o sexismo. Elas são marcadas por regras sociais que as colocam nas perspectivas de dependentes, inferiores e subalternas, uma vez que dificilmente assumem espaços de poder.

Para mudar essa realidade e lutar contra o racismo, a violência e pelo bem viver, mulheres de todo o país marcharão no dia 18 de novembro rumo à Brasília na Marcha das Mulheres Negras. A marcha tem como objetivo dar maior visibilidade a situação secular de opressão da mulher negra, homenagear os ancestrais africanos e exigir do Estado brasileiro e de todos os setores da sociedade, respeito e compromisso com a promoção da equidade racial e de gênero.

A marcha foi idealizada em Salvador, no estado da Bahia, durante o Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodecendentes, que ocorreu de 16 a 20 de novembro de 2011. A intenção é reunir o máximo de mulheres negras para exigir o fim do racismo em todos os seus modos de incidência, que vão desde a saúde e segurança pública, até a educação e igualdade de direitos.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) reconhece a importância da Marcha das Mulheres Negras e se une a essa luta idealizada pelos movimentos sociais e sindicais. Ao longo do mês de outubro e novembro, a Contracs realizará uma série de ações, a fim de fortalecer a marcha e incentivar o debate social sobre os temas que envolvem as mulheres negras e o combate ao racismo.

A secretária de Política de Promoção para Igualdade Racial da Contracs, Ana Lúcia, ressalta que a Marcha é uma ferramenta importante para acabar com o preconceito racial, “Centenas de milhares de mulheres negras marchando por todo o país é algo que leva as pessoas a pararem e raciocinarem sobre as atuais condições dessa população. Se todas lutarmos juntas, independente da cor, aumentaremos ainda mais esse número e tenho certeza que conseguiremos não apenas chamar atenção para os nossos anseios, mas também conscientizar e realizar as primeiras mudanças em nossa sociedade".

“A igualdade de direitos é uma premissa do ramo do comércio e serviços. Precisamos nos mobilizar e nos preparar para que nossas categorias e sindicatos entendam que a população negra, principalmente as mulheres negras são uma parcela da população que na maioria das vezes tem os menores salários, as menores rendas, mais obrigações e menos condições de trabalho”, ressaltou o presidente da Contracs, Alci Matos Araújo.

Segundo ele, é preciso motivar, incentivar e assessorar a participação de todos na marcha “Precisamos ter uma pauta unificada para pressionar tanto o governo, quanto o patronal para que melhore as condições de vida e de trabalho das mulheres negras de todo o país”. Dados de Pesquisa da Emprego e Desemprego do Dieese, apontam que as mulheres negras estão inseridas no mercado de trabalho, por meio dos nossos ramos. Elas representam 7,8% do setor hoteleiro, 17,9% do setor do comércio e 17,9% do setor de serviços.

Para a secretária de Mulheres da Contracs, Paloma dos Santos a participação da Contracs e de todo o ramo na marcha é de extrema importância “Temos que incentivar o empoderamento das mulheres negras e debater as condições sociais dadas a elas, condições essas que vão muito além do mercado de trabalho e englobam saúde, violência doméstica e a tríplice discriminação. A marcha e toda a preparação que a antecede é fundamental para que esse debate e as efetivas mudanças comecem a ser construídas”.

O privilégio racial é uma característica marcante da sociedade brasileira e algo que precisa ser mudado. Para dar o primeiro passo rumo a essa mudança, a Contracs convida a todos a participarem da Marcha das Mulheres Negras no dia 18 de novembro para que juntos possamos exercer nossos direitos de cidadãos brasileiros e construir uma nova história para o Brasil.

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Publicado em Mulher

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