Quarto lugar no ranking mundial, o Brasil é hoje o país onde a cada 48 segundos acontece um acidente de trabalho e a cada 3h38 um trabalhador perde a vida pela falta de uma cultura de prevenção à saúde e à segurança do trabalho. Para marcar o início das ações do movimento Abril Verde, que visa alertar a sociedade quanto a essa problemática, o Ministério Público do Trabalho inaugurou, na última quinta-feira (5), a exposição “Trabalhadores” na Procuradoria Geral do Trabalho, em Brasília.
Na oportunidade, o coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, Leonardo Osório Mendonça, lembrou que, em 4 de abril, completou meio século da morte de Martin Luther King Júnior. “Poucos sabem que o motivo que o levou até Memphis, local do seu assassinato, foi uma greve ambiental, em que empregados de limpeza urbana reclamavam melhores condições de trabalho. Eles carregavam o lixo na cabeça, o chorume escorria, mas não tinham onde tomar banho”, contou.
“E assim como ele sonhava com o dia em que seus filhos não fossem julgados pela cor da sua pele, sonho com uma sociedade em que esses números perversos, de vítimas de acidentes e doenças do trabalho, regridam”, destacou, emocionado. Segundo ele, estudos indicam que mais de 90% dos acidentes poderiam ser evitados, se fossem seguidas as medidas das normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho para que as atividades sejam realizadas com segurança.
Por isso, para o titular da Codemat, ainda que haja redução de número de acidentes, não há o que se comemorar, porque precisaria reduzir mais de 90% dos casos, já que é essa a taxa de prevenção possível. “São vidas humanas, são famílias, maridos, esposas, pais e filhos, que perdem seus entes queridos por conta da falta de prevenção nos ambientes de trabalho. Não podemos aceitar que um trabalhador saia de casa sadio e não volte”, ressalta.
Para o vice procurador-geral do MPT, Luiz Eduardo Bojart, “não se desenvolve um país, não se cria uma cidadania, matando ou adoecendo os trabalhadores. Temos que pensar em um desenvolvimento que seja socialmente sustentável. Essa é a nossa bandeira”, concluiu, alertando, ainda, que o trabalhador não pode ser visto como custo, mas como cidadão, pois, acima de tudo, há de estar a segurança, a saúde e a vida.
Também foi lançada, na ocasião, a edição especial da revista MPT Em Quadrinhos (nº 35) sobre o movimento, feita por meio do MPT do Espírito Santo, e que pode ser acessada aqui. Entre as demais ações, na primeira partida do campeonato paraibano de futebol, os jogadores do Campinense e do Botafogo local entraram em campo com faixa pedindo basta a acidentes e doenças do trabalho. No fim de semana, o último jogo do campeonato baiano exibiu, no gramado, uma placa do Abril Verde.
Fonte: Contracs