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Descanso aos domingos. Porque a vida é um bem divino, não um valor de mercado.

Vinte anos após o lançamento da carta apostólica "Dies Domini" ("Dia do Senhor"), através da qual o então papa João Paulo II santifica o domingo e condena o trabalho nesse dia, com ênfase à abertura do comércio, a Igreja Católica volta a se manifestar. Agora, através do Pe. Anderson Gomes da Silva, da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Praia da Costa.

Em sua homilia na missa dominical do último dia 25, padre Anderson critica a recente decisão da Federação (patronal) do Comércio (Fecomércio) que, a despeito do protesto do Sindicomerciários, tornou facultativa a abertura dos supermercados aos domingos.

Para padre Anderson, é preciso que o cristão esteja à altura da dignidade humana. "Não pode a sociedade organizar-se apenas  em  função  do  lucro,  como  único  valor  a  ser  preservado.  Se  pretendemos  construir  uma  sociedade  justa  e  fraterna,  não  será  entregando-nos  à  lógica  do  mercado  que  o  conseguiremos.  Além  da  dimensão  econômica,  há  outros  valores  humanos, até mais fundamentais, a serem promovidos, tais como o convívio familiar, o culto religioso, o contato com a natureza, o louvor ao Criador", disse.

A direção do Sindicomerciários, através de seu presidente Rodrigo Rocha, em nome dos empregados no comércio no estado, em especial aos trabalhadores  trabalhadoras de supermercado agradece ao padre Anderson pela coragem de reafirmar valores universais da humanidade e repudiar a ética do capitalismo em detrimento da essência mais elementar da vida. 

Assim como o padre Anderson, também nós, dirigentes comerciários, cremos que a prática patronal que denota uma sede incessante de lucro, acima de todas as coisas, atropela os fundamentais  direitos  do  trabalhador  ao  repouso,  à  convivência  com  a  família  e  à  prática   religiosa.  "Não procede a comparação com a prestação de serviços essenciais, a que não se enquadram, certamente, as lojas comerciais. Não procede, nem  mesmo,  a  justificativa  de  que  é  garantido  o  dia  semanal  de  descanso  do  funcionário,  pois,  estando  seus  familiares  e  as  outras  pessoas  de  suas  relações,  nesse dia, trabalhando ou estudando, ele não poderá encontrar-se com seu cônjuge, filhos, familiares e amigos, e nem participar do culto dominical e desfrutar do lazer e das visitas de parentes, as quais  normalmente ocorrem aos domingos", entende o secretário de Administração e Finanças, Jakson Adrade.

Para a Jakson, concretizada a pretensão de se banalizar o domingo, que é de Deus, da família, da comunidade e do trabalhador, esse dia estará sendo usado em favor do lucro e do dinheiro. "Troca-se  o  Deus  da  vida  pelo  deus  do  mercado,  em  flagrante  dissonância  com  o  Evangelho de Jesus, que alertou, em Matheus (6,24): 'Não podeis servir a Deus e ao dinheiro'", finalizou Jakson.

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