Não houve consenso na reunião entre ministros e representantes das centrais sindicais realizadas na tarde de ontem (15) para discutir alternativas ao fim do fator previdenciário. O presidente da CUT, Vagner Freitas, representando as centrais, saiu do encontro afirmando ter considerado ruim a reunião e reclamando a falta de uma proposta pelo governo.
Segundo Freitas, os ministros fizeram uma apresentação que concluiu, basicamente, que o modelo 85/95 não seria uma boa saída porque, em 2060, a Previdência Social estaria falida se a regra for aplicada. De acordo com Freitas, "é essencial que a presidenta sancione aquilo que foi aprovado no Congresso. A regra 85/95 repara parcela dos danos provocados pelo fator previdenciário”.
O dirigente da CUT afirmou aos ministros, no entanto, que a central está disposta a dialogar para achar uma solução para a Previdência, mas que isso está condicionado à entrada em vigor da regra aprovada no Congresso. “O debate sobre as adaptações que precisam ser feitas para garantir o equilíbrio das contas da Previdência Social no futuro deve ser feito a partir da sanção da fórmula 85/95”, acrescentou.
Para presidente da central, o próprio governo provocou essa situação ao editar as Medidas Provisórias 664 e 665, que restringem o acesso a benefícios previdenciários, seguro-desemprego e abono salarial, sem conversar com o movimento sindical.
O ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, apresentou uma projeção de gastos extras da União com a Previdência Social caso não seja apresentada o que chamou de “alternativa sustentável” e ressaltou que aguarda uma discussão sobre essa alternativa a partir do fórum multissetorial que vai debater o tema. Sendo assim, o impasse continua, faltando dois dias para a presidenta Dilma Rousseff decidir se veta ou não a derrubada desse instrumento (fator previdenciário).
Estiveram presentes ao encontro representantes da CUT, Força Sindical, CSB), CTB,UGT e Nova Central, além da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Freitas contou que foi feito um apelo ao governo para que a presidenta Dilma não vete as mudanças no fator previdenciário. Mas deixou claro que, se Dilma optar pelo veto, tais entidades vão utilizar as armas que possuem junto aos deputados e senadores para fazer com que o veto seja derrubado durante sua apreciação pelo Congresso Nacional. Já o presidente da Força, Miguel Torres, destacou que a presidenta, se decidir pela sanção da lei sem o veto para que uma alternativa à Previdência seja construída em conjunto, posteriormente, “tem a oportunidade de fazer o bem aos trabalhadores”.
"É essencial que a presidenta sancione aquilo que foi trazido pelo Congresso. E reparar parcela dos danos que o fator previdenciário criou na década de 1990", acrescentou Freitas.
Ao falar sobre o resultado da reunião com os jornalistas, o ministro da Previdência acentuou que o intuito do governo, durante a conversa (além dele, esteve presente Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência), foi mostrar que sancionar a nova regra significaria levar o atual sistema previdenciário a caminhar para “um colapso inevitável”. Mas que uma proposta, mesmo, terá de ser construída em consenso, a partir do fórum multissetorial criado em maio passado, com representantes de todos os setores. Para Gabas, as projeções do Executivo apontam que até 2060, com o fim do fator previdenciário e sem a adoção de nenhuma outra alternativa para conter o impacto nas contas previdenciárias, o país passará a ter um gasto extra de R$ 3,2 trilhões.