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Lula avisa: 'Esperem que viveremos momentos de combate democrático'

“Tirar a Dilma do jeito que eles querem tirar é o maior ato de ilegalidade feito a partir de 1964”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva hoje (25), ao participar do seminário “Democracia e Justiça Social", promovido em São Paulo pela Aliança Progressista, uma rede de partidos e organizações de vários países."Aqui no Brasil vai ter muita luta. Esperem que viveremos momentos de combate democrático", avisou.

O ex-presidente lembrou que na votação pela admissibilidade do processo de impeachment na Câmara, no último dia 17, apenas quatro deputados falaram sobre o crime de responsabilidade relacionado ao impeachment, o que mostra os interesses políticos que estão por trás desse processo. Para Lula, cassar Dilma Rousseff é um caminho para tentar tirar o PT da política.

“O que está em jogo em nosso país é mais do que o mandato legítimo da presidente Dilma Rousseff; é o voto soberano de 54 milhões de mulheres e homens que a escolheram livremente para governar o país. O que está em jogo é o risco de interromper um processo histórico que passou pela conquista da democracia e nos levou a avanços extraordinários do ponto de vista social e político e econômico”, afirmou Lula.

Segundo o ex-presidente, está sob risco um processo histórico que levou à eleição de governos democráticos e populares na ampla maioria dos países da América Latina. “E que resultou na melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população mais humilde em quase todos os países dessa região, que tem mais de 600 milhões de habitantes.” No Brasil e na América Latina, a democracia abriu caminho para a conquista da cidadania e da dignidade, destacou, “por milhões de pessoas que viviam em condições desumanas”.

“O que aconteceu em nossa região, neste início do século 21, foi uma revolução pacífica, comandada pelo voto popular, como nunca antes ocorreu”, afirmou referindo-se aos governos populares no continente. “No Brasil, que desde 2003 é liderado pelo PT e por partidos aliados, basta lembrar que nesse período tiramos o país do vergonhoso mapa da fome. Libertamos mais de 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, criamos mais de 20 milhões de empregos formais. E praticamente dobramos o valor real do salário mínimo. Abrimos as portas da universidades para quase 4 milhões de filhos das famílias mais humildes, da juventude negra das periferias, e também dos jovens indígenas.

Reduzimos as diferenças entre os que tinham tudo e os que nada tinham. Pela via democrática, em pouco mais de uma década de governos progressistas, conseguimos tornar mais justa e equilibrada a nossa querida América Latina. Contribuímos assim para tornar o mundo menos faminto, menos miserável”, afirmou.

Enquanto os líderes progressistas estavam reunidos com Lula no hotel Maksoud Plaza, lá fora um pequeno grupo ruidoso, contra o governo, tentava intimidar os militantes do PT que também estavam no local. Os chamados “coxinhas” chegaram a encostar um carro de som em frente ao hotel, mas sua mobilização não teve maior adesão.

Lula também disse que a adoção do processo de impeachment pela Câmara acontece depois de 18 meses de sabotagem do governo por uma aliança entre a oposição e a grande imprensa, comandada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Lula destacou que Cunha reagiu por vingança quando os parlamentares do partido se recusaram a apoiá-lo no Conselho de Ética, onde tramita seu processo de cassação, por ter contas no exterior com dinheiro ilegal. “A sociedade está reagindo com rigor ao golpe. Há um sentimento de indignação mesmo de quem não votou em Dilma. Não aceitam a manipulação, o Brasil é maior do que a mentira e a manipulação”, afirmou. Lula destacou que o combate à corrupção é essencial, mas lembrou que o aparato jurídico para o ataque a esse crime foi uma iniciativa do PT, que garantiu por exemplo a autonomia do Ministério Público para promover as investigações. “Criamos um sistema de transparência que é um dos mais avançados do mundo; e os golpistas querem voltar ao poder para restabelecer a impunidade que sempre os preservou”.

Uma das organizadoras do evento, a integrante da executiva nacional do PT Mônica Valente, disse que a Aliança Democrática existe desde 2013, e que esses encontros são realizados a cada três ou quatro meses. O seminário contou com representações de organizações partidárias da África, Ásia, América Latina, Oceania e Europa. Ao todo, estão representados no evento 17 países e 20 partidos.

Segundo Mônica, nesta edição do seminário foram elaborados dois documentos, um deles específico sobre a situação brasileira e as ameaças de retrocesso em curso com o golpe. “Queremos mostrar ao mundo que existe solidariedade ao Brasil”. Mônica entende que o seminário ajuda a divulgar a crise política no exterior: “Esses partidos podem levar a seus países a nossa opinião sobre o que está acontecendo no Brasil, garantindo o direito ao exercício do contraditório.”

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Publicado em Notícias Gerais

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