No último sábado, 5, quando o maior crime ambiental da história brasileira completou um ano, cerca de mil pessoas foram até a cidade de Bento Rodrigues pedir Justiça e denunciar a inércia da Samarco, diante da tragédia de milhares de vítimas.
Em Bento Rodrigues, os manifestantes encerram um trajeto de mais de 3 mil quilômetros. A marcha organizada pelo Movimento Atingidos por Barragens (MAB) saiu do Espírito Santo e fez todo o caminho da lama, até chegar em Bento Rodrigues.
O ato reuniu cerca de mil pessoas e foi uma importante demonstração de força dos atingidos pela barragem. Bento Rodrigues é uma das regiões mais afetadas pela lama. No local, as casas seguem no mesmo estado em que foram abandonadas, um ano atrás. Por todos os lados, móveis, roupas e brinquedos se confundem na paisagem com o barro.
O ato foi inaugurado com a fala de lideranças dos atingidos pela barragem. Em seguida, um padre e um pastor discursaram. Na sequência, uma intervenção do Levante Popular da Juventude lembrou a tragédia.
“A força e união dos movimentos na marcha de hoje demonstra que esse crime não será esquecido. Esses movimentos seguirão em luta até que todos os atingidos sejam reparados e em luta contra esse modelo predatório de mineração”, afirma Daniel Gaio, secretário Nacional de Meio Ambiente da CUT.
Histórico
Afastada do ato estava dona Ermínia Monteiro, 60 anos, varredora de rua. A servidora pública está sentada em cima dos escombros do que um dia foi sua casa.
“Aquele dia foi horrível. Era 16h02 quando passaram gritando que a barragem havia rompido, eu estava na rua debaixo, tentei voltar mas as pessoas não deixaram e me colocaram no caminhão, não consegui pegar nada das minhas coisas, fui expulsa de minha cidade. Dois dias depois, acharam o corpo de minha neta, de seis anos”, afirma dona Ermínia.
A servidora está entre as mais 1,6 mil pessoas desabrigadas pelo crime ambiental. Ao todo, 41 municípios foram atingidos pela lama.