O preço da cesta básica aumentou em todas as capitais no ano passado, segundo o Dieese. As maiores altas acumuladas foram registradas em cidades do Norte/Nordeste: Rio Branco (23,63%), Maceió (20,69%) e Belém (16,70%), enquanto as menores variações foram apuradas em Recife (4,23%), Curitiba (4,61%), São Paulo (4,96%) e Campo Grande (5,04%). Produtos como leite integral, feijão agulhinha, café em pó, manteiga, açúcar e óleo de soja subiram de preço em todas ou quase todas as capitais, de acordo com o instituto. O do tomate caiu em 26.
De novembro para dezembro, o movimento foi inverso, com queda de preços da cesta em 25 capitais e destaque para Aracaju (-5,11%), Campo Grande (-4,16%) e São Luís (-4,13%). As únicas elevações ocorreram em Manaus (0,22%) e Rio Branco (0,97%).
A cesta mais cara em dezembro foi a de Porto Alegre (R$ 459,02), seguida de Florianópolis (R$ 453,80), Rio de Janeiro (443,75) e São Paulo (R$ 438,89), nas regiões Sul e Sudeste. Os menores valores médios, todos do Nordeste, foram os de Recife (R$ 347,96), Aracaju (R$ 349,68) e Natal (R$ 351,96).
Com base na cesta mais cara, o Dieese calculou em R$ 3.856,23 o salário mínimo para as despesas básicas de um trabalhador e sua família. O valor corresponde a 4,38 vezes o mínimo oficial (R$ 880), relação que era de 4,48 em novembro.
No mês passado, o tempo médio para adquirir os produtos da cesta foi de 98 horas e 59 minutos, abaixo de novembro (110 horas e 56 minutos). Na relação com o salário mínimo, o trabalhador comprometeu 48,9% do rendimento para comprar os itens da cesta básica, ante 49,87% no mês anterior. Em 2016, o preço médio do leite integral, feijão, arroz agulhinha, café em pó e manteiga aumentou em todas as capitais, e o do açúcar e óleo de soja subiu em 26 cidades.
Produtos
No caso do leite, a alta variou de 2,53% (Vitória) a 37,97% (Salvador) e no do manteiga, de 27,15% (Rio Branco) a 63,53% (João Pessoa). "A entressafra do leite acontece no segundo trimestre, porém, em 2016, o preço permaneceu em alta na maior parte dos meses, devido aos aumentos nos custos de produção e à oferta reduzida do leite. Além disso, as indústrias de laticínios disputaram o pouco leite disponível e, como consequência, houve elevação do preço do produto e derivados", diz o Dieese.
O preço do feijão preto subiu entre 72,97% (Florianópolis) e 85% (Vitória). O tipo carioquinha aumentou mais de 100% em Maceió (133,48%), Rio Branco (125,30%) e Manaus (100,37%). As menores altas foram apuradas em Belo Horizonte (25,22%) e Porto Velho (31,69%). "O feijão teve a área plantada reduzida em 2016, pois perdeu espaço para culturas como a soja e o milho. O clima instável ao longo do ano, devido a chuvas intensas ou calor excessivo, fez com que houvesse redução da produtividade do grão. Além disso, a importação do grão carioca não foi suficiente para abastecer a demanda. Com isso, os preços dos dois grãos se elevaram", informa o instituto.
No caso do arroz, os destaques de alta foram Boa Vista (49,07%), Cuiabá (34,71%) e Manaus (33,05%). As menores taxas foram registradas em Belo Horizonte (6,14%) e São Paulo (8,64%). "Houve diminuição da produção da safra de arroz devido aos altos custos e à redução da área plantada. Parte da demanda interna foi abastecida pela importação do Mercosul. Ao longo dos meses em 2016, produtores retiveram parte do arroz para conseguir melhores preços."
Outro produto com aumento acumulado em todas as cidades no ano passado, o café teve variação de 32,29% (Teresina) a 45,35% (Maceió). "Clima seco, valorização do dólar diante do real e redução da oferta elevaram o preço do produto, principalmente a partir da metade de 2016", analisa o Dieese.
Já o açúcar não subiu em Brasília (-0,64%). As altas variaram de 10,92% (Palmas) a 53,51% (Boa Vista). "Demanda externa aquecida impulsionou a exportação em quase todos os meses do ano e elevou o preço interno."
No caso do tomate, foi registrado aumento apenas em Rio Branco (7,71%). As retrações mais expressivas, segundo o Dieese, ocorreram em Campo Grande (-40,04%), Recife (-36,98%) e Brasília (-33,78%). "O preço do produto oscilou bastante ao longo de 2016, principalmente pela instabilidade do clima. A diminuição acumulada no preço do fruto em quase todas as localidades, se deu pelo calor, que ajudou a maturá-lo e fez com que houvesse maior oferta no varejo."