Boletim divulgado pelo Dieese aponta inexistência de dados que "sinalizem melhora do desempenho econômico e do mercado de trabalho". Em contraposição a analistas que falam em retomada, seguindo o discurso do governo, o instituto não vê sinais nesse sentido. "Diante do observado na economia e da crise política, espera-se, no máximo, a estagnação econômica, com baixo nível de produção e de emprego, este ainda em condições bastante desestruturadas, com redução da contratação formal e aumento das inserções mais precarizadas", afirma.
O Dieese cita como agravante "as disputas em torno" das reformas trabalhista e previdenciária. "A primeira, já aprovada no Congresso, certamente intensificará o quadro de precarização da inserção laboral no país."
O crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores, primeiro resultado positivo em oito trimestres, "não significa que haverá melhora expressiva no desempenho da economia", observa o instituto, ao lembrar que a principal contribuição veio da agropecuária (expansão de 13,4%), com impulso das exportações. "O resultado, no entanto, é tipicamente sazonal. Mudando a base temporal de comparação, primeiro trimestre do ano contra o mesmo período do ano anterior, e o acumulado nos quatro trimestres, os resultados ainda são predominantemente negativos."
Ao notar alguma melhora da indústria e estabilidade nos serviços, o Dieese lembra também que o consumo das famílias e os investimentos, "que poderiam estimular a atividade econômica e, portanto, a ocupação, continuam em queda". Como o desempenho da economia está "atrelado" aos efeitos da crise política, a recuperação deverá ser lenta, com resultado próximo da estagnação. "Emprego e renda continuam comprometidos", acrescenta.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese e da Fundação Seade, mostra taxa de desemprego relativamente estável em maio, mas em nível alto. Na região metropolitana de São Paulo, os desempregados levavam em média 43 semanas (mais de 10 meses) na procura por trabalho.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostra melhoria este ano, mas com o contratado ganhando menos que o demitido. "O salário médio de admissão corresponde a 87% do salário médio de um trabalhador desligado, ou seja, o trabalhador é contratado ganhando, em média, 13% menos do que aquele que foi desligado no período."