Em 1º de dezembro, comemora-se o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A campanha deste ano, lançada pelo Governo Federal, tem como enfoque, jovens gays de 15 a 24 anos das classes C, D e E. A ação busca discutir as questões relacionadas à vulnerabilidade ao HIV/aids, na população prioritária, sob o ponto de vista do estigma e do preconceito. Por isso, o slogan “A aids não tem preconceito. Previna-se”. Além disso, a ideia é estimular a reflexão sobre a falsa impressão de que a aids afeta apenas o outro, distante da percepção de que todos estamos vulneráveis.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 35,3 milhões de pessoas viviam com o vírus da aids em 2012, sendo mais de dois milhões adolescentes de 10 a 19 anos. Mesmo que dados do Programa Conjunto da ONU sobre HIV/aids apontem redução de 33% dos casos desde 2001, é assustador constatar que só no ano passado 2,3 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus e que quatro mil morrem por dia em decorrência de complicações do vírus (segundo dados da ONG Médicos Sem Fronteiras).
Os primeiros casos da doença, detectada na década de 80, foram erroneamente chamado de “peste gay”, fato este que acabou fortalecendo uma linha de preconceito e discriminação. A Aids era uma sentença de morte na década de 80. Com o passar do tempo, avanços significativos foram feitos – como a quebra de patentes dos remédios, tornando-os mais acessíveis. No entanto, nos dias atuais é possível ainda encontrar diversos atrasos vindos da década de 80. Por isso, é preciso rever tudo e detectar onde não houve progresso.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que 40% da mortalidade dos infectados pelo vírus HIV estão associados ao diagnóstico tardio. Aproximadamente 200 mil brasileiros desconhecem que têm o vírus. A coordenadora estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST/ES, Lúcia Helena Mello de Lima, mostra como o Estado vem monitorando a doença. No Espírito Santo, a média é de 16,6 casos por cada grupo de 100 mil habitantes. Lucia Helena alerta para o aumento de casos entre os jovens, os que não viram o início da doença e sua mortandade na década de 80.
Evandro Ferrete, presidente do Fórum de ONGs Aids do Espírito Santo, disse que é imperioso reduzir as desigualdades regionais com relação ao atendimento dos infectados – diagnóstico, tratamento e assistência digna. Ponderou que a desigualdade, associada à interiorização da doença, tem provocado um quadro de profundo abandono social e dificultando o acesso do doente ao tratamento.
De acordo com Evandro Ferrete, há pessoas que têm HIV, necessitam se deslocar para receber o tratamento, mas vivem em extrema pobreza em localidades do interior do Estado. As organizações não-governamentais tentam preencher a lacuna deixada pelo poder público, mas sobrevivem com poucos recursos.