As doações em dinheiro de empresas acontecem para todos os partidos políticos, conforme previsto, permitido e regulamentado pela legislação brasileira. No entanto, a mídia e setores do Ministério Público agem como se as doações legais e declaradas para o PT fossem crime. Reflexo maior dessa distorção da lei é a condenação de João Vaccari Neto a 15 anos de prisão. Vaccari é ex-tesoureiro da CUT e do PT e foi preso sem absolutamente nenhuma prova contra ele.
A novidade sobre este tema é que o Partido dos Trabalhadores divulgou nesta quarta-feira um documento detalhado sobre as doações para cada um dos partidos brasileiros.
Destaque para o fato de que, no Estado de São Paulo, o PSDB é o campeão absoluto em recebimento de verbas doadas por empresas citadas na Operação Lava Jato. 92% dessas doações foram destinadas aos tucanos. E nenhum deles está preso – não que se defenda aqui a prisão, afinal doação legal é doação legal, mas o que se questiona é o uso de dois pesos e duas medidas para cada caso.
Esta é uma das denúncias contidas no documento divulgado hoje pelo PT. De que a Lava Jato é mais uma ferramenta que vem sendo usada politicamente, ao arrepio da lei, para tentar destruir o partido e o legado de seus governos.
No entanto, quando o beneficiado é o PSDB, o silêncio é absoluto. Não há qualquer processo de criminalização dessas doações que revelam uma estranha preferência das empresas pelos tucanos no Estado de São Paulo. Em 2014, o PSDB recebeu 92% das doações das empresas citadas na Lava Jato. O PT, apenas 8%. Em 2010, a proporção foi de 65% para o PSDB e 35% para o PT.
Além de serem doadoras das campanhas do PSDB no estado de São Paulo, as empresas investigadas na Operação Lava Jato figuram também na lista de fornecedores de grandes obras do governo tucano paulista.
Para se ter ideia, conforme apontou o relatório da CPI da Petrobras, 16 empresas citadas na Lava Jato tiveram contratos com o governo do Estado de São Paulo entre 1987 e 2014. Apenas para exemplificar, basta citar o Consórcio Via Amarela, acusado de superfaturar preços em contratos com o Metrô de São Paulo, do qual participavam, entre outros, os grupos Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
Quando não são fornecedoras diretas, são terceirizadas pelas empresas contratadas, como noticiou o Estado de S.Paulo com o título “Empresa de delator da ‘Operação Lava Jato’ foi subcontratada em esquema de cartel dos trens”, sem citar que o “esquema de cartel dos trens” foi montado para, segundo o Ministério Público da Suíça, superfaturar obras, compra e manutenção da CPTM e do Metrô no estado de São Paulo, governado pelo PSDB há 20 anos.