A presidente afastada Dilma Rousseff voltou a criticar, em seu depoimento no Senado, pontos da proposta de reforma da Previdência defendida pelo presidente interino Michel Temer. Dilma tachou de “perigosas” ideias como a fixação de uma idade mínima ou a desvinculação de direitos trabalhistas do salário mínimo, sempre associadas à gestão de Temer até agora.
Em resposta ao senador Hélio José (PMDB-DF), suplente do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que pediu a sua avaliação sobre a aprovação de uma eventual reforma previdenciária no país, Dilma defendeu que não se retirem direitos dos trabalhadores como jornada de trabalho de 40 horas semanais, que competiria a uma reforma trabalhista.
Dilma também criticou a suposta ideia do governo interino de Temer de permitir que o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) possa ser sacado pelos trabalhadores apenas quando se aposentarem e não quando forem demitidos como é possível hoje pela legislação trabalhista. “Essa seria uma grande perda para o Brasil”, destacou.
A presidente afastada também defendeu que o país reencontre o caminho dos investimentos públicos. E para isso elencou duas receitas para a economia brasileira nesse sentido: a redução do índice de inflação no país e o fim do que chamou de uma “política de valorização do real” que estaria em vigor atualmente na gestão provisória de Temer, segundo ela.
“Acredito que temos obrigação de voltar a investir no país. Acusam meu governo de ter deixado um canteiro de obras no Brasil, mas todas as propostas que fizemos foram para reduzir a meta do resultado primário e ampliar as condições de investimento”, ponderou.
Por fim Dilma questionou novamente a meta de R$ 170 bilhões de déficit primário em 2015 encaminhada pelo governo interino de Temer ao Legislativo e posteriormente aprovada pelos parlamentares.
“O objetivo tem que ser retomar o gasto público, combater a inflação no país. Não é possível achar que a redução do superávit primário contribua para o país sair da crise”, concluiu.