Em se tratando de gênero, cor e região, a desigualdade de renda continua muito alta no Brasil, de acordo com o estudo Estatísticas de Gênero 2014 - Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora a diferença entre o que ganham homens e mulheres tenha diminuído, na média nacional, as mulheres ainda recebem cerca de 30% a menos.
Quando adicionadas os aspectos racial e regional, as diferenças são ainda maiores. A mulher negra e nordestina tem o menor rendimento médio do país. Além disso, a proporção de trabalhadores no mercado informal, sem acesso a direitos, portanto, é maior entre o sexo feminino que o masculino. A disparidade de renda entre homens e mulheres recuou ligeiramente entre 2000 e 2010, mas aumentou em duas das cinco grandes regiões brasileiras. De acordo com o IBGE, o rendimento médio real mensal, de todas as fontes, das mulheres de dez anos ou mais de idade correspondia a 65% da renda dos homens em 2000. Em 2010, subiu para 68%. Em média, os homens tinham rendimento de R$ 1.587 em 2010, enquanto as mulheres recebiam R$ 1.074.
O IBGE apontou que, além da valorização do salário mínimo, houve aumento real do rendimento médio de todas as fontes na comparação entre 2010 e 2000. As mulheres tiveram o maior aumento relativo (12,0% frente a 7,9% dos homens).
“O crescimento do rendimento feminino reduziu um pouco a disparidade, mas não foi uniforme em todo o país”, afirmam os especialistas do IBGE na pesquisa. Nas cinco grandes regiões, a diferença salarial entre homens e mulheres caiu no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, mas subiu no Norte e no Nordeste do país.
O estudo do IBGE mostrou que, no Nordeste, os rendimentos das mulheres equivaliam a 72% dos rendimentos dos homens em 2000, e que essa fatia foi reduzida a 68% dez anos depois. Em 2010, os homens nordestinos ganhavam, em média, R$ 1.053 por mês, ao passo que as mulheres, R$ 716. Na época, o salário mínimo era de R$ 510,00.
Seguindo a mesma tendência, o rendimento das mulheres do Norte encolheu em proporção aos dos homens, no período 2000-2010, passando de 71% para 69%. O IBGE apurou que, em 2010, os homens possuíam rendimento médio mensal de R$ 1.221, enquanto as mulheres ganhavam R$ 846,00.
Por outro lado, a desigualdade de renda entre os gêneros diminuiu no Sudeste, em favor das mulheres, que em 2000 tinham rendimento médio equivalente a 64% do dos homens, e passaram a ter 69% em 2010. Os homens tinham rendimento médio de R$ 1.847 em 2010 e as mulheres, R$ 1.271.
No Sul, as mulheres, que tinham rendimento médio mensal equivalente a 61% da renda masculina em 2000, passaram a ter 67%, totalizando R$ 1.142, em 2010, quando os homens recebiam R$ 1.693, de todas as fontes.
Já no Centro-Oeste, a relação entre renda masculina e feminina passou de 65% para 70%, entre 2000 e 2010. Segundo o instituto, os homens da região tinham rendimento médio mensal de R$ 1.835, enquanto as mulheres recebiam R$ 1.293.