A Central Única dos Trabalhadores do Espírito Santo torna pública a sua indignação e o seu mais completo estarrecimento frente às afirmações do Professor da Ufes, Sr. Manoel Luiz Malaguti. De forma racista, preconceituosa e injuriosa, o professor, que se afirma contra a política de cotas para estudantes negros, constrange toda a comunidade universitária capixaba e a sociedade ao tentar, através de argumentos fascistas, auferir “superioridade” ao estudante ou trabalhador de cor branca em relação ao de cor negra. O mundo é testemunha do que é capaz a disseminação dessa concepção e a que leva a sua disseminação. Os milhões de mortos pelo nazismo mancham de horror a história da humanidade.
A Universidade, em especial a pública, não é espaço para tal conduta. Em sua função de educação para a cidadania plena, ela não pode compartilhar de ideários totalitários ou preconceituosos. Pelo contrário, a universidade deve ser, por excelência, um espaço de discussão ampla e profunda sobre os mais variados temas, com vistas à disseminação do saber profundamente comprometido com a formação integral de cidadãos e cidadãs. A postura do referido professor choca-se frontalmente com essa concepção. Ao buscar “discutir” o racismo, o machismo, a homofobia ou outras formas de preconceito e intolerância, a academia deve fazê-lo no sentido de buscar, através do saber, a superação dessas chagas que acometem a sociedade. Por isso um professor nunca tem o direito de reafirmá-las.
Quanto às “certezas” do Sr. Malaguti, embora não nos seja aprazível, podemos contra-argumentar: reis e rainhas africanos, nobreza e intelectualidade, vieram para cá escravizados. Mesmo os que lá tiveram acesso à educação e ao conhecimento, quando aqui chegaram, sob o poder da chibata, aprenderam as funções mais servis e humilhantes. Esse era o lugar a eles reservados, como continuou sendo historicamente em nosso país.
Quando essa situação começa a mudar e essa importante parcela de nossa sociedade começa a galgar degraus de ascensão social, não faltam próceres do reacionarismo local a bradar toda sorte de impropérios. No entanto, entendemos que tal conduta não deva ser a de um professor universitário, servidor público, cujo compromisso deveria ser com o saber e o seu compartilhamento através dos pilares da universidade, que são o ensino, a pesquisa e a extensão. Não conseguimos vislumbrar a capacidade desse senhor se encaixar adequadamente a qualquer desses pilares, já que a carga de preconceito racial que expressa o torna inapto à necessária isenção que o cientista deve ter.
Diante do exposto, a Central Única dos Trabalhadores do Espírito Santo conclama a comunidade universitária capixaba a expressar o seu mais veemente repúdio a esse tipo de atuação no seio da Academia. E que a direção da Ufes tome todas as medidas legais necessárias contra essa forma de conduta, para o bem da universidade, para o bem da educação, para o bem do serviço público.