A campanha presidencial 2014 está nas ruas. O cidadão comum pode até não perceber, mas ela já deu o ar da graça. E a mídia monopolista, golpista e burguesa já escolheu as armas: o jogo sujo, as inverdades, a lavagem cerebral, o medo. Os meios de comunicação a serviço do projeto neoliberal e suas candidaturas, sustentados pelas forças conservadoras, que propõe a redução da ação do Estado na economia, elegeram em que tecla irão bater e massificar a tentativa de desconstrução da presidente Dilma: uma economia que “vai mal” e a “incapacidade do governo” de enfrentar as crises de governabilidade geradas pelas mobilizações e protestos sociais, e pela violência que penetra o cotidiano e desborda o controle do Estado.
O que as forças conservadoras tentarão "vender" como descontrole da economia é justamente o resultado da política econômica do governo Dilma em reduzir a taxa Selic, enfrentar a usura dos bancos privados reduzindo as taxas de juros dos bancos públicos e ser contra o aumento real de tarifas de serviços públicos privatizados. Mesmo com uma ampla política de isenções tributárias para a defesa da indústria, o risco de o governo não cumprir a meta do “superávit primário”, isto é, a parte de arrecadação dos impostos que é destinada ao pagamento dos juros da dívida interna, o grande nó que impede o crescimento, deixou a direita em pé de guerra. Indicadores positivos como os menores índices de desemprego da história recente e o aumento do consumo não entram em consideração.
Antes, no governo Lula, o cenário da economia internacional era favorável a uma política que tanto contemplava as exigências do capital quanto permitia o aumento do emprego, o crescimento real do salário mínimo, o aumento do consumo, o incremento das políticas sociais e as transferências de renda para os mais pobres, mas essa realidade mudou. A crise internacional teve seu impacto na economia brasileira, e a balança comercial mostra isso, mas a oposição não trata do assunto. Age como se o Brasil flutuasse no nada e toda a responsabilidade sobre o desempenho da economia dependesse do governo federal.
Mesmo com essas concessões e garantias, a direita vê neste momento a oportunidade de desestabilizar o governo Dilma e fragilizá-la para as próximas eleições; quer lutar para terminar com o longo período em que se viu privada do controle da máquina pública federal. Daí toda a ofensiva que se vê nas maiores revistas semanais, nos grandes jornais e na TV, apontando a existência de uma violência social descontrolada, a ameaça de uma sociedade a caminho da barbárie e do caos, como se essas questões não estivessem ligadas à desigualdade social e à precariedade dos serviços públicos. A receita da direita para enfrentar essa situação seria, portanto, endurecer o controle social e a repressão, criminalizar os movimentos sociais, ter um governo que imponha a lei e a ordem a qualquer custo, em suma, militarizar a gestão pública.
As discussões, hoje, são muito diferentes das que se esboçaram depois das manifestações de junho, quando Dilma propôs, para atender às demandas expressas nas ruas, uma reforma política, investimentos maciços em mobilidade nas cidades e mais recursos para educação e saúde. Muita coisa parou no Congresso. Só o que teve impacto imediato foi o Programa Mais Médicos, apesar da virulenta resistência da categoria profissional.
As bandeiras da oposição, até o momento, falam em garantir a independência e autonomia do Banco Central em relação ao governo, abrir mais a economia para as corporações transnacionais, privatizar mais, exportar commodities cada vez mais. As manifestações de junho recolocaram no centro do debate nacional a necessidade da reforma política, proposta defendida há muito tempo pela CUT.
É hora dos setores organizados da sociedade, com destaque para o movimento sindical, denunciarem as manobras da direita golpista e da mídia conservadora e reafirmar nosso compromisso na luta por um projeto democrático popular, ancorado numa concepção de democratização do Estado e de desenvolvimento sustentável, com base em políticas que visam a valorização do trabalho e combater as desigualdades através políticas públicas de transferência de renda e de inclusão social, de mobilidade urbana, de saúde, educação e cultura.
A hora é agora.