O presidente golpista Michel Temer apresentou esta semana sua não menos golpista proposta de reforma da Previdência. Na verdade, um golpe contra a Previdência. Mais do que isso, um atentado direto aos trabalhadores da ativa e aposentados. E entre as vítimas preferenciais da chamada Reforma, a categoria comerciária se destaca. Foi uma proposta açodada, antidemocrática, unilateral, sem discussão com quem quer que seja, sobretudo com os trabalhadores, através das centrais sindicais.
Temer e sua equipe de tecnocratas simplesmente baixaram o tacão, com um requinte de crueldade a mais: introduziram a ideia da aposentadoria somente com idade mínima de 65 anos e o mínimo de 25 de contribuição. A reforma, como um todo, sucateia o sistema previdenciário e o torna inacessível para a imensa maioria da população. Um dos argumentos do governo para a idade mínima de 65 anos é de que na Europa os países já estão caminhando nesse sentido.
Acontecem é que nesses países as pessoas contam com serviços e amparos do Estado. O que não é o caso dos trabalhadores brasileiros. Sim, o brasileiro está vivendo mais, o que não quer dizer que esteja vivendo melhor ou vivendo bem. É inaceitável comparar a realidade brasileira com a de países em que a cidadania não é uma ideia utópica.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, 44% dos brasileiros começam a trabalhar antes dos 14 anos, fato que, além de desumano, no contexto da Previdência, reforça a tese de que a idade mínima penalizará sobretudo a categoria comerciária, que ingressam previamente no mercado e, assim, consequentemente, contribuirá mais tempo.
Resumindo, caso a reforma seja aprovada, os filhos dos mais favorecidos, dos ricos e das classes médias, que ingressam no mercado mais tarde, geralmente depois de cursar uma faculdade, terão seus direitos previdenciários sustentados, em parte, pelas contribuições dos filhos de trabalhadores como os comerciários. Aposentadorias a partir de 65 anos para homens e mulheres também necessitam de amplo debate para compreender situações de trabalhadores de setores pesados como a dos comerciários, da construção civil, metalúrgicos, entre outras profissões que exigem vigor físico.
Além das limitações do corpo, é importante lembrar que atualmente existem 12 milhões de cidadãos em idade ativa que estão desempregados. Se não há emprego nem para os que estão com menos de 40 anos, não precisa ser sociólogo para projetar o futuro tenebroso que virá para completar 35 anos de contribuição e 65 anos de idade para se aposentar.
Diante de uma população que sofre faminta por empregos, com o país estagnado, com achatamento da qualidade de vida, Temer chega com seu cardápio neoliberal enfiado goela abaixo da sociedade. Mas essa mesma sociedade, sobretudo o movimento sindical organizado cutista, saberá se mobilizar para barrar mais esse ataque contra os direitos dos trabalhadores.