O presidenciável tucano Aécio Neves tem sido pressionado por uma série de denúncias relativas ao sem desempenho como governador de Minas Gerais. A construção da infraestrutura aeroportuária não credenciada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) soma-se, agora, a denúncia de inspetores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de que, em outubro de 2009, uma inspeção de auditores fiscais, com a presença do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal, encontrou 80 cortadores de cana de uma destilaria da região, dos mesmos proprietários da área desapropriada para as obras. Os empregados trabalhavam em regime análogo ao da escravidão.
Por conta dessa fiscalização, a Destilaria Alpha Ltda foi responsabilizada pela situação e inserida no cadastro de empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escravo em junho do ano passado – a chamada “lista suja”. Membros da família Tolentino, a mesma da avó materna de Aécio, respondem pela Destilaria Alpha, produtora de álcool e cachaça, e detêm a chave do cadeado que impede o acesso ao público no aeroporto de Claudio. A relação, mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é utilizada por bancos públicos e privados e empresas nacionais e estrangeiras para evitar negócios com empresas inidôneas.
Para tentar desviar o assunto, o senador tucano tentou mudar o foco ao repercutir as denúncias publicadas na revista semanal de ultradireita Veja, sobre possível treinamento de executivos da Petrobras em situação de crise, para falar sobre os investimentos realizados na refinaria de Pasadena (EUA).
O fato é que o senador mineiro que concorre à sucessão presidencial não tem conseguido evitar que tais associações negativas ganhem os comentários no dia-a-dia dos brasileiros. A má notícia é que há quem diga que essas denúncias seriam apenas ‘a ponta do iceberg’.
Por exemplo, a investigação em curso pela Procuradoria Geral da República (PGR). O órgão promete anunciar para breve se abrirá inquérito para investigar a vida patrimonial do presidenciável. O tucano já entrou na mira do Ministério Público por suspeita de ocultação de bens, o que revelaria sonegação fiscal. A denúncia de que o senador esconde patrimônio e, com isso, deixa de pagar impostos foi feita ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no dia 30 de maio.
O fundamento da representação é o “estilo de vida” do senador. Com o salário de R$10,5 mil mensais que recebeu por sete anos e quatro meses como governador mineiro, diz a representação, Aécio não teria condições de viajar onze vezes para o exterior com a família, andar de jatinho, dar festas com celebridades, frequentar restaurantes caros e comprar os carrões com que desfila em Minas e no Rio, cidades onde tem apartamentos.
Na declaração de renda apresentada à Justiça eleitoral no ano passado, quando disputou e ganhou uma cadeira no Senado, Aécio Neves informou ter patrimônio de R$617 mil, que os acusadores dele consideram uma ficção. “Há claramente um abismo entre o Aécio oficial e o Aécio do jet set internacional. Ele está ocultando patrimônio, e isso leva ao cometimento de sonegação fiscal”, afirma o deputado Luiz Sávio de Souza Cruz (PMDB), líder da oposição ao PSDB na Assembleia mineira e um dos signatários da representação. Segundo ele, em Minas Gerais a imprensa, o tribunal de contas, a Assembleia Legislativa são todos controlados pelo Aécio. “Esse Aécio que aparece sorrindo em Brasília é o ‘Aécio ternura’. Mas aqui em Minas tem um ‘Aécio malvadeza’”, afirma.
É essa figura obscura e sem qualquer transparência que foi adotada pela mídia golpista como exemplo de modernidade. É obrigação de cada um de nós, eleitores comerciários e não comerciários, redobrarmos a atenção quanto ao histórico de cada um dos candidatos, não só à Presidência. Mas, também, em todos os níveis de disputa: Câmara, Senado, governo do estado e assembléia legislativa. Os inimigos dos trabalhadores estão à espreita e à caça dos nossos votos para emplacar o projeto de poder dos interesses patronais.