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Um nazista na UFES

No momento em que o país tenta se recuperar da campanha de ódio, preconceito e separatismo protagonizada pelo candidato tucano derrotado nas eleições presidenciais e por seus seguidores elitistas, uma voz assumidamente racista emerge do campus da UFES, causando estranheza, repúdio e perplexidade a todos.

Há pouco mais de uma semana o professor de Economia da Universidade Federal, Manoel Luiz Malaguti, sem o menor constrangimento, destilou, em plena aula, aos seus alunos, um discurso discriminatório eivado do mais profundo e infame racismo. “Eu detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”, disparou. Durante a discussão que se seguiu, a maioria dos alunos deixou a sala, indignada com a atitude do mestre.

O debate que revoltou os universitários aconteceu em uma aula de Introdução à Economia Política na turma do segundo período de Ciências Sociais. Um dos alunos levantou um questionamento sobre cotas na universidade, o que teria desencadeado a discussão. O professor, então, disse que os cotistas não conseguiam acompanhar as aulas como os outros alunos e que por isso ele tinha que usar uma linguagem mais acessível e baixar o nível das aulas dele para que todos pudessem compreendê-lo.

A discussão se tornou ainda mais forte, quando, segundo os estudantes, o professor fez declarações preconceituosas. Ele disse que os negros e pobres não tinham acesso à cultura, deixando claro que eles não atingiram o nível cultural dos brancos. Em seguida afirmou: ‘Estudantes cotistas diminuem a qualidade da universidade. Eu detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro’. Após o comentário do professor, uma estudante cotista saiu indignada e ofendida da sala de aula. “Sou pobre e cotista e me senti ofendida. Uma outra aluna saiu chorando. Por mais que eu debatesse, ele é a autoridade ali”, afirmou.

Trata-se de algo inconcebível a existência em um território livre do pensamento e saber a existência de professores com concepção tão atrasada e racista. Alguém fazer uma afirmação dessas é como se estivesse adotando a filosofia de Hitler. Ele é nazista, não podia estar dentro de uma universidade. Foi mais um episódio inaceitável de racismo, o que revela o quanto as instituições não estão preparadas para lidar com as questões de igualdade social.

Além do aspecto moral e ético, as declarações racistas do professor universitário incorrem em crime. Em relação ao alunos negros e cotistas, ele cometeu o crime de injuria. Já na declaração de que não gostaria de ser atendido por médico ou advogado negro, cometeu o crime de racismo. O artigo 20 da Lei 7716/89 prevê que quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” cometerá o crime de racismo, podendo ser condenado a reclusão a entre 1 e 3 anos.

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Publicado em Artigos
Rodrigo O. Rocha

Rodrigo Oliveira Rocha é o Presidente do Sindicomerciários ES.

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