O governo federal patrocinou ontem uma vitória deplorável: sob a justificativa de promover o ajuste fiscal, desferiu uma facada em um direito histórico dos trabalhadores. Com a aprovação da Medida Provisória 665 o trabalhador só terá direito ao seguro desemprego após um ano de trabalho. Até então, esse tempo era de seis meses. No caso da categoria comerciária, o corte promovido pelo governo e aprovado pelos deputados é mortal. Isso porque o comércio ostenta o vergonhoso título como o setor que apresenta a maior rotatividade da economia nacional.
Diariamente o Sindicato homologa pelo menos 140 rescisões de contratos de trabalhadores no comércio. Com a MP aprovada, o comerciário estará totalmente desguarnecido de uma ferramenta que o proteja do desemprego. O que é lamentável. O movimento sindical organizado cutista, sobretudo o Sindicomerciários, entende a necessidade de um ajuste fiscal, como forma de reaquecer nossa economia.
Ainda que reconheçamos a necessidade premente de um ajuste, não podemos admitir que o trabalhador pague o preço por um desequilíbrio fiscal que não foi criado por ele. Está na hora das classes mais ricas e abastadas deste país dar sua cota de contribuição para o saneamento das contas públicas. A taxação sobre grandes fortunas e herança é a primeira delas. A tributação dos extraordinários e escandalosos lucros dos bancos é uma outra medida. Tratam-se de fontes de recursos há anos intocáveis.
O fortalecimento da fiscalização da evasão fiscal e tributária é outra medida que basta vontade política para ser posta em prática. Continuo na defesa do governo Dilma, herdeira do legado da vitoriosa gestão do ex-presidente Lula, mas no dia que for obrigado a calar-me diante de iniciativas que penalizem o trabalhador , prefiro renunciar à vida de dirigente sindical e recolher no meu canto para cuidar do meu mundo. E isso jamais farei.