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No momento em que o país tenta se recuperar da campanha de ódio, preconceito e separatismo protagonizada pelo candidato tucano derrotado nas eleições presidenciais e por seus seguidores elitistas, uma voz assumidamente racista emerge do campus da UFES, causando estranheza, repúdio e perplexidade a todos.
Há pouco mais de uma semana o professor de Economia da Universidade Federal, Manoel Luiz Malaguti, sem o menor constrangimento, destilou, em plena aula, aos seus alunos, um discurso discriminatório eivado do mais profundo e infame racismo. “Eu detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”, disparou. Durante a discussão que se seguiu, a maioria dos alunos deixou a sala, indignada com a atitude do mestre.
O debate que revoltou os universitários aconteceu em uma aula de Introdução à Economia Política na turma do segundo período de Ciências Sociais. Um dos alunos levantou um questionamento sobre cotas na universidade, o que teria desencadeado a discussão. O professor, então, disse que os cotistas não conseguiam acompanhar as aulas como os outros alunos e que por isso ele tinha que usar uma linguagem mais acessível e baixar o nível das aulas dele para que todos pudessem compreendê-lo.
A discussão se tornou ainda mais forte, quando, segundo os estudantes, o professor fez declarações preconceituosas. Ele disse que os negros e pobres não tinham acesso à cultura, deixando claro que eles não atingiram o nível cultural dos brancos. Em seguida afirmou: ‘Estudantes cotistas diminuem a qualidade da universidade. Eu detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro’. Após o comentário do professor, uma estudante cotista saiu indignada e ofendida da sala de aula. “Sou pobre e cotista e me senti ofendida. Uma outra aluna saiu chorando. Por mais que eu debatesse, ele é a autoridade ali”, afirmou.
Trata-se de algo inconcebível a existência em um território livre do pensamento e saber a existência de professores com concepção tão atrasada e racista. Alguém fazer uma afirmação dessas é como se estivesse adotando a filosofia de Hitler. Ele é nazista, não podia estar dentro de uma universidade. Foi mais um episódio inaceitável de racismo, o que revela o quanto as instituições não estão preparadas para lidar com as questões de igualdade social.
Além do aspecto moral e ético, as declarações racistas do professor universitário incorrem em crime. Em relação ao alunos negros e cotistas, ele cometeu o crime de injuria. Já na declaração de que não gostaria de ser atendido por médico ou advogado negro, cometeu o crime de racismo. O artigo 20 da Lei 7716/89 prevê que quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” cometerá o crime de racismo, podendo ser condenado a reclusão a entre 1 e 3 anos.
O deputado estadual eleito José Carlos Nunes começou a respirar os ares sindicalistas em um ambiente de mudanças da concepção política do movimento sindical. Morador do bairro de Cobilândia, pretendeu voltar-se à tentadora carreira de jogador de futebol, dedicando-se aos treinos e conciliando o esporte e o trabalho, ainda muito jovem. Aos 19 anos ingressou nas Lojas Marcão e graças ao seu bom futebol foi convidado a integrar a equipe de vendedores das Casas Santa Terezinha por seu proprietário, Kleber Andrade, para disputar o campeonato dos comerciários pelo time de futebol dessa loja, um dos melhores do circuito.
Do quadro de empregados das Casas Santa Terezinha, Nunes conheceu Geraldo Dantas, membro do então grupo de oposição do Sindicomerciários. Era Dantas quem o mantinha informado da movimentação pelas conquistas e depois pelos rumos do Sindicato sob o novo sindicalismo. E foi nesse momento de sua vida que Nunes começou a perceber a importância da sindicalização, para além do uso das quadras de futebol.
Tendo participado da condução do Sindicato na gestão de Germano Quevedo como 2° secretário, Nunes se destacou na condução política do movimento num momento atípico da vida sindical: a interrupção do mandato por decisão judicial em fins de 1992, o impeachment do Presidente da República, Fernando Collor de Melo, e as mobilizações ocorridas no período, em particular a que os comerciários fizeram em 1994. Participava, portanto, de um grupo de diretores recém chegados ao sindicalismo e com pouca experiência política que teve de se organizar internamente para suportar o peso das responsabilidades das transformações que a conjuntura histórica impunha à entidade.
Por isso, o período de turbulências na sucessão do Sindicato serviu como experiência para o grupo liderado por Germano de Quevedo e seguido por Nunes na medida em que o capacitou para conduzir politicamente a composição das gestões seguintes e consolidou sua autonomia em relação às demais tendências cutistas dentro do Sindicato dos comerciários.
Ainda mais simbólica foi esta eleição da chapa encabeçada por Nunes porque a disputa política interna entre duas correntes cutistas ocorrida na eleição anterior deixara dúvidas se novos rachas inviabilizariam por completo a unidade até então conseguida em torno da liderança de Germano. Assim, a eleição de Nunes confirmou que a renovação do estatuto ocorrida em maio de 1994 foi a melhor estratégia para unificar a gestão sem aflorar divergências no seio do Sindicato.
Doravante, permanecia apenas o cargo do presidente que passava a ser ocupado por Nunes. Quanto ao recém-criado cargo de secretário-geral, este foi ocupado por Germano Quevedo que, por sua vez, demonstrou grande habilidade política e capacidade de articulação em nível nacional e internacional conferindo grande destaque e prestígio à entidade dos comerciários capixabas.
Dessa maneira, embora não representasse sua continuidade, a eleição e a posse da nova gestão representaram o êxito do novo sindicalismo vitorioso na eleição de 1982, que tinha cumprido seu papel histórico sem descuidar de possibilitar o surgimento de novas lideranças da base dos comerciários, retomando uma vez mais a tradição da entidade na formação de lideranças políticas de expressão na sociedade capixaba.
O famoso PIG, ou Partido da Imprensa Burguesa, rasgou a fantasia e se jogou de cabeça nas comemorações pela passagem de Aécio Neves para o segundo turno das eleições presidenciais. Na semana anterior ao domingo 5, as preferências já estavam claras com o noticiários crítico em peso contra a presidente Dilma Rousseff em veículos como o “Jornal Nacional”, “Folha de S. Paulo”, “O Globo” e “O Estado de S. Paulo”. Para essas publicações, as notícias consideradas neutras foram reservadas para as candidaturas de Aécio e Marina Silva, do PSB. As negativas foram praticamente todas elas dedicadas à personagem Dilma Rousseff.
O que ainda não se conhecia era a maneira como a mídia tradicional iria comemorar a passagem de Aécio pra o segundo turno. No domingo 5, às 20h, a Folha publicou em sua página no Facebook uma imagem compartilhada pelo PSDB, de comemoração pela ida do tucano ao segundo turno da disputa. "Show da virada. Graças ao seu voto é Aécio no segundo turno!", dizia o texto da imagem. Muitos leitores reagindo, escrevendo que a Folha nem sequer tratou de dar tratamento de notícia ao panfleto. Nele se veem braços jogando um bonequinho de Aécio Neves para o alto em sentido de comemoração.
Já concorrente O Estado de S. Paulo fez um editorial nesta terça-feira 7 intitulado "Alívio e esperança". "Ufa", começa o texto que expressa a opinião da publicação. "A exclamação resume o sentimento de alívio com que a maioria dos brasileiros conheceu o resultado da votação de domingo".
A se notar pelo comportamento da mídia no primeiro turno, este segundo será ainda mais violento na artilharia pesada contra a candidata Dilma Rouseff. Mais uma vez, caberá à aguerrida militância petista, algo como a famosa nação rubro-negra, fazer a diferença. O poder de fogo e de voto dessa “nação” é o sonho de qualquer partido político, um idealismo conseguido justamente pela qualidade da revolução social produzida por 12 anos de gestão petista.
Em sua edição da última terça-feira, dia 7, o jornal "A Gazeta" patrocinou na manchete de primeira página um flagrante desserviço à imparcialidade jornalística e à precisão da informação. Sob o título "Um verdadeiro 'bolsa-votos'", a publicação busca informar que a maioria dos votos obtidos pela candidata Dilma Rouseff no Espírito Santo foi nos municípios onde, proporcionalmente, o Bolsa-Família atinge mais pessoas.
Desprovida de verbo, a duvidosa e imprecisa frase nominal é construída em cima de flagrante adjetivação que implica, necessariamente, em juízo de valor por parte do jornal com relação aos votos dos eleitores beneficiados pelo programa social.
Frase nominal é aquela que prescinde de verbo, constituída, portanto, apenas por nomes. Nos mais elementares manuais de redação, é tido e sabido que esse recurso só se utiliza em títulos de artigos ou editoriais, pelo fato de carregar em sua construção uma explícita expressão de opinião.
Reza o bom jornalismo que verbos e substantivos fortalecem o texto jornalístico, mas adjetivos e advérbios tendem a piorá-lo. Foi o caso de "A Gazeta".
A maioria dos leitores de um jornal lê apenas o título da maior parte dos textos editados. Por isso, ele é de alta importância. O título deve ser uma síntese precisa da informação mais importante do texto. Sempre deve procurar o aspecto mais específico do assunto, não o mais geral. Ou o título é tudo que o leitor vai ler sobre o assunto ou é o fator que vai motivá-lo ou não a enfrentar o texto. A edição de "A Gazeta" não faz uma coisa nem outra.
Ao titular "Um verdadeiro 'bolsa-votos'", além de evidenciar o aspecto mais geral da notícia em detrimento do mais específico o jornal não informa rigorosamente nada. Para que a manchete faça algum sentido ao leitor comum será necessário que ele complemente a leitura do título a do olho (oração negritada sobre a manchete) e a do leadão (informações complementares abaixo da manchete).
Mas o ataque às normas vigentes do jornalismo é o menor dos problemas na referida edição. Ao emitir julgamento de opinião sobre a convergência entre o Bolsa-Família e o resultado eleitoral do primeiro turno, o jornal "A Gazeta" faz coro com o pior do nosso racismo higienista e com a crescente onda separatista e segregacionista que vê nos grotões das regiões Norte e Nordeste assistidos pelo programa social um povo miserável, burro e morto de fome em contraponto aos bem-informados das regiões Sul e Sudeste.
A desprezível tese da "qualificação" do voto, corroborada pela edição de "A Gazeta", ganhou no final de semana um simpatizante de peso: nada menos do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista aos jornalistas do UOL Josias de Souza e Mario Magalhães, FHC classificou os 43,3 milhões de eleitores petistas como uma imensa massa desprovida de discernimento. “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”, afirmou.
A edição de "A Gazeta" condena, subliminarmente, que a população do interior e das periferias urbanas, beneficiárias de políticas sociais ou detentoras de um posto de trabalho assalariado, vote concentradamente nos candidatos que sente identificado com o efeito dessas políticas em sua vida.
Curioso é que, em um passado nem tão remoto assim, quando essa mesma população, totalmente abandonada, votava majoritariamente na Arena, PFL ou no seu sucessor, o DEM, não era considerada “mal informada”. Quando começa a despertar sua consciência, aparecem essas formas discriminatórias.
Vivemos um país miserável e extremamente desigual, não muito diferente de boa parte do mundo. O conceito do Bolsa-Família como forma de amenizar a fome e a pobreza extrema é revolucionário. O que se pode discutir é a forma como é utilizada em período eleitoral. Mas se formos aceitar, como infere a manchete de "A Gazeta", que os beneficiários do programa social do governo petista estão a serviço da candidatura Dilma, cabe uma pergunta: e os eleitores que não usam o Bolsa-Família e votam em outras candidaturas, estariam a serviço de quem?
A candidata Marina Silva, do PSB, enfiou as mãos em mais um vespeiro popular. Depois de questionar a prioridade dada pelo governo à exploração do pré-sal e reafirmar, por meio do coordenador Walter Feldman, que pretende mudar o modelo de partilha do petróleo brasileiro em benefício das empresas estrangeiras, agora ela escolheu um novo alvo: a CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas. "Vamos fazer uma atualização das leis trabalhistas", disse Marina, aos micro e pequenos empresários. Ela não deixou claro, porém, qual será o sentido da mudança em caso de se eleger presidente. "Ainda não temos essa resposta, esse assunto é muito complexo", completou ela.
Marina fez sua promessa de atualizar a CLT num contexto de reclamações dos pequenos empreendedores sobre dificuldades para a contratação de mão de obra. A candidata se comprometeu, então, a trabalhar pela alteração das atuais normas trabalhistas. Este ano, entre janeiro e agosto, o País registrou a criação de 701 mil vagas com carteira de trabalho assinada, dentro da legislação atual. “Culpa” do governo Dilma.
Após prometer a "atualização" da CLT, citando "o professor Gianetti" como inspiração, a candidata reconheceu que ainda não faz ideia do que pretende fazer sobre o assunto em caso de chegar ao governo. Pela cartilha do economista Eduardo Gianetti da Fonseca, que vai assumindo o posto de chefe da equipe econômica de Marina, sabe-se que garantias trabalhistas são vistas como entraves para o desenvolvimento do País. Os empreendedores que ouviram Marina ficaram com a impressão de que, para um lado ou para o outro, a CLT não será a mesma caso a candidata do PSB vença a corrida eleitoral.
Uma iniciativa popular sobre reforma política mobilizou 1.744.872 brasileiros, no último dia 7 de setembro, mas foi solenemente ignorada pelos meios de comunicação tradicionais ou o PIG (Partido da Imprensa Golpista). Trata-se do plebiscito sobre a urgência de uma reforma política, realizado na internet, em que 96,9% dos votantes declararam apoio a uma Constituinte exclusiva para tratar do tema.
O movimento que preparou esta consulta começou no ano passado, depois das manifestações de junho, quando ficou evidente a falência do atual sistema eleitoral para garantir a legitimidade de nosso regime democrático baseado na representação popular através dos partidos políticos. Entre as 450 instituições patrocinadoras há sindicados, organismos de classe, associações civis as mais diversas e apenas três partidos políticos: PT, PC do B e PCR.
O silêncio da mídia sobre o plebiscito expressa, além de sua dissintonia com as iniciativas populares, a descrença no resultado de tudo que não tem origem em sua sala de jantar.
Até mesmo o insuspeito PIG (Partido da Imprensa Golpista) já demonstrou que o programa de Marina Silva chupou vários trechos das plataformas dos outros candidatos – em alguns parágrafos, a cópia foi na íntegra. Até o candidato tucano ironizou a conduta de Marina, agradecendo “pelo plágio das propostas do PSDB”. Mas tudo bem! Afinal, Marina Silva não tem mesmo compromissos programáticos - quatro tuites do pastor Silas Malafaia bastaram para ela mudar de opinião sobre os direitos dos homossexuais.
Mas pior do que plagiar programa, porém, é revelar sua natureza ditatorial. Isso porque, nesta semana, por solicitação da coligação de Marina Silva, a Justiça decidiu censurar o site “Muda Mais”. A queixa apresentada é a mais absurda possível. Alega que o “Muda Mais” e o site oficial de Dilma Rousseff são alimentados pela mesma equipe, “com o mesmo grau de sofisticação e com conteúdos exclusivos e semelhantes entre si".
A retirada do site do ar, pedida pela coligação de Marina Silva, é evidentemente um ato de censura, uma agressão à liberdade de expressão. Nos últimos meses, Aécio Neves ingressou com vários processos na Justiça contra o Google, o Facebook e o Twitter solicitando os perfis dos usuários das redes sociais. Ele também arranjou mandados de segurança para invadir residências de ativistas digitais. Mas o ditador tucano, famoso por perseguir jornalistas e por corromper e censurar a imprensa em Minas Gerais, ainda não havia conseguido tirar no ar um site. Marina Silva, que se apresenta como expressão da “nova política”, terá mais esta macula na sua biografia. Ao plagiar Aécio Neves, ele o superou na arbitrariedade!
O presidenciável tucano Aécio Neves tem sido pressionado por uma série de denúncias relativas ao sem desempenho como governador de Minas Gerais. A construção da infraestrutura aeroportuária não credenciada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) soma-se, agora, a denúncia de inspetores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de que, em outubro de 2009, uma inspeção de auditores fiscais, com a presença do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal, encontrou 80 cortadores de cana de uma destilaria da região, dos mesmos proprietários da área desapropriada para as obras. Os empregados trabalhavam em regime análogo ao da escravidão.
Por conta dessa fiscalização, a Destilaria Alpha Ltda foi responsabilizada pela situação e inserida no cadastro de empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escravo em junho do ano passado – a chamada “lista suja”. Membros da família Tolentino, a mesma da avó materna de Aécio, respondem pela Destilaria Alpha, produtora de álcool e cachaça, e detêm a chave do cadeado que impede o acesso ao público no aeroporto de Claudio. A relação, mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é utilizada por bancos públicos e privados e empresas nacionais e estrangeiras para evitar negócios com empresas inidôneas.
Para tentar desviar o assunto, o senador tucano tentou mudar o foco ao repercutir as denúncias publicadas na revista semanal de ultradireita Veja, sobre possível treinamento de executivos da Petrobras em situação de crise, para falar sobre os investimentos realizados na refinaria de Pasadena (EUA).
O fato é que o senador mineiro que concorre à sucessão presidencial não tem conseguido evitar que tais associações negativas ganhem os comentários no dia-a-dia dos brasileiros. A má notícia é que há quem diga que essas denúncias seriam apenas ‘a ponta do iceberg’.
Por exemplo, a investigação em curso pela Procuradoria Geral da República (PGR). O órgão promete anunciar para breve se abrirá inquérito para investigar a vida patrimonial do presidenciável. O tucano já entrou na mira do Ministério Público por suspeita de ocultação de bens, o que revelaria sonegação fiscal. A denúncia de que o senador esconde patrimônio e, com isso, deixa de pagar impostos foi feita ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no dia 30 de maio.
O fundamento da representação é o “estilo de vida” do senador. Com o salário de R$10,5 mil mensais que recebeu por sete anos e quatro meses como governador mineiro, diz a representação, Aécio não teria condições de viajar onze vezes para o exterior com a família, andar de jatinho, dar festas com celebridades, frequentar restaurantes caros e comprar os carrões com que desfila em Minas e no Rio, cidades onde tem apartamentos.
Na declaração de renda apresentada à Justiça eleitoral no ano passado, quando disputou e ganhou uma cadeira no Senado, Aécio Neves informou ter patrimônio de R$617 mil, que os acusadores dele consideram uma ficção. “Há claramente um abismo entre o Aécio oficial e o Aécio do jet set internacional. Ele está ocultando patrimônio, e isso leva ao cometimento de sonegação fiscal”, afirma o deputado Luiz Sávio de Souza Cruz (PMDB), líder da oposição ao PSDB na Assembleia mineira e um dos signatários da representação. Segundo ele, em Minas Gerais a imprensa, o tribunal de contas, a Assembleia Legislativa são todos controlados pelo Aécio. “Esse Aécio que aparece sorrindo em Brasília é o ‘Aécio ternura’. Mas aqui em Minas tem um ‘Aécio malvadeza’”, afirma.
É essa figura obscura e sem qualquer transparência que foi adotada pela mídia golpista como exemplo de modernidade. É obrigação de cada um de nós, eleitores comerciários e não comerciários, redobrarmos a atenção quanto ao histórico de cada um dos candidatos, não só à Presidência. Mas, também, em todos os níveis de disputa: Câmara, Senado, governo do estado e assembléia legislativa. Os inimigos dos trabalhadores estão à espreita e à caça dos nossos votos para emplacar o projeto de poder dos interesses patronais.
Você pode até argumentar que não gosta de política nem discute o tema. Mas o que você não pode deixar de reconhecer é que, ainda que você se mantenha distante da política, cedo ou tarde ela chegará até você. Mais que isso: influenciará diretamente seus interesses como cidadão e trabalhador.
Este é um ano eleitoral. Portanto, um ano importantíssimo para mais uma etapa da democracia brasileira. O pleito de outubro próximo é mais um ato da democracia brasileira e as forças políticas que saírem vitoriosas das urnas irão determinar o futuro do nosso estado e do nosso país.
Daí a importância do movimento sindical atuar nesse processo, pois sua intervenção organizada poderá produzir resultados que contribuam com a qualidade dos deputados estaduais, federais, senador, governador e presidente da República eleitos. Se o movimento sindical e os trabalhadores querem melhorar a qualidade da representação é preciso atuar nas eleições lançando e apoiando candidatos ligados e comprometidos com as agendas social e sindical.
O movimento sindical - os sindicatos, as federações, as confederações e as centrais - deve atuar a fim de refletir junto aos trabalhadores quanto a votarem em candidatos com perfil social, político e ideológico renovador e mudancista.
Mais do que isso, é importantíssimo que o movimento sindical não só lance candidatos, mas apóie outros tantos, que os chamem para debater, que os apresentem às categorias que representam, a fim de ampliar o protagonismo social e político dos trabalhadores.
Nas eleições de 2010, os empresários elegeram para o Congresso Nacional, 250 deputados e 23 senadores. Segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), é a maior bancada patronal que já ocupou o Legislativo federal. Esta é uma correlação de forças que impede ou dificulta a agenda do movimento sindical avançar no Poder Legislativo. Para alterar este desequilíbrio de forças políticas é preciso atuar nas eleições estaduais e federais, com objetivo de eleger lideranças dos trabalhadores ou no mínimo projetá-las para as batalhas eleitorais do futuro.
Para exercer protagonismo no processo eleitoral, o movimento sindical deve considerar quatro elementos estruturantes:
1) a política é o único meio para resolver os graves e históricos problemas sociais e coletivos;
2) as eleições, no Brasil, são o único momento em que o poder fica em xeque. Assim, intervir nesse processo é fundamental para alterar os rumos da política no País;
3) só por meio dos partidos é possível disputar o poder. Os trabalhadores precisam compreender a necessidade dos partidos na democracia representativa, pois sem eles não é possível disputar o poder; e
4) a conquista do poder significa poder imprimir as políticas e projetos das forças vencedoras do processo eleitoral. Por isso, disputar é imperioso para forjar lideranças e construir as vanguardas dos trabalhadores.
Você pode até fechar os olhos para essa realidade política. Mas, fique certo: a política não tira os olhos de você.
Com a preocupação de agradar o setor do agronegócio, com a promessa de adoção de medidas para aumentar a produtividade rural e, ao mesmo tempo, afastar a preocupação do setor com a possível influência da indicada a vice, Marina Silva, nas decisões relacionadas ao campo, o candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, abriu no último dia 6 de agosto a sabatina da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) com os presidenciáveis.
Para uma plateia de produtores rurais, Campos falou diversas vezes em diálogo. Ele prometeu, se eleito, comandar pessoalmente as políticas voltadas para o campo e fortalecer o Ministério da Agricultura. Aplaudido algumas vezes, o presidenciável elogiou o setor dizendo que o agronegócio tem “atenuado” os reflexos das crises econômicas na economia brasileira. “Firmo um compromisso com o agronegócio de fazer uma leitura dos últimos 40 anos do que fez o agronegócio brasileiro, sem preconceitos e sem ranços, com a capacidade de diálogo, que a minha caminhada comprova que tem”, discursou Campos.
Com um pronunciamento repleto de elogios ao setor produtivo rural, Campos prometeu aumentar os recursos investidos no campo aliado a uma política de seguro. Ao seu lado, igualmente aplaudida pelos tubarões do agronegócio, ninguém menos do que Marina Silva, candidata a vice da chapa do ex-governador de Pernambuco e reconhecida por suas críticas ao setor. Tudo fachada.
Candidata pelo PV à Presidência da República, a ex-senadora Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, recebeu nas eleições de 2010 a surpreendente votação de 19 milhões de votos, algo superior a 19% do total de válidos no primeiro turno. Foi uma vitória indiscutivelmente individual.
No segundo turno das eleições presidenciais de 2010 apostou na solução “nem, nem”: nem Dilma, nem Serra, sob a alegação de não estar disposta a fazer “concessões às estruturas partidárias tradicionais”. Posteriormente, ressurge com a proposta de fundar um partido para chamar de seu, o Rede Sustentabilidade. Perdeu, porém, o prazo de registro na Justiça Eleitoral e a chance de disputar a eleição em 2014 através de uma candidatura única, “sem a contaminação dos partidos tradicionais”, dizia ela, à época. A partir de então, começa a revelar as contradições, até então adormecidas, de sua polêmica personalidade. Deixou o PV e filiou-se ao PSB, partido tradicionalíssimo, presidido pelo governador Eduardo Campos (PE), político também tradicional.
Em 2012 Marina liderou poderoso lobby para que o código florestal não fosse aprovado da forma que estava. Entretanto, hoje ela se filia ao PSB, partido que votou majoritariamente a favor do código, sem vetos. O sucesso de Marina nas eleições de 2010 e o séquito que a segue desde a campanha consolidaram numa personalidade voluntariosa, mística e autoritária a ideia de que fora dela não há salvação. A forma como lidou com suas frustrações política nesse período expressa o personalismo resultante dessa trajetória pessoal e política. Além das contradições decorrentes de personalismo político – ou até em função deles – existem as contradições políticas que Marina leva consigo para um partido que, também em função do personalismo de Campos, é cheio deles.
Num momento em que o debate político não pode ser dissociado do debate sobre desenvolvimento e sobre tecnologia, os dois conservadorismos juntos são explosivos: como lidar, por exemplo, com o desenvolvimento das regiões mais pobres, que começaram a crescer com políticas de distribuição de renda, se persiste o veto à discussão da energia elétrica como matriz energética? Como lidar com questões relativas ao reconhecimento pleno dos direitos de minoria, se há um impedimento religioso da líder à discussão sobre o aborto, por exemplo? E como lidar com questões jurídicas que impedem o desenvolvimento da ciência se há um obstáculo religioso, por exemplo, às pesquisas com célula.
Historicamente, os partidos verdes, todas as vezes que privilegiaram o purismo de plataformas ecológicas sem levar em consideração as variáveis de progresso social, flertaram com a direita. Marina tende a isso, e seu grupo provavelmente a seguirá.
Ocorre que, para ela, esse é um caminho de algum conforto. Ela tem um perfil conservador inerente à sua adesão religiosa à igreja evangélica, e este é um dado de difícil conciliação com seu eleitorado de classe média alta, que tem outros conservadorismos, mas não o de costumes.
Redução do desemprego, inflação baixa e Dilma em alta
Escrito por Rodrigo O. Rocha Publicado em ArtigosApós atingir o menor patamar em março (5%) para tal mês, a taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país manteve a tendência de queda e ficou em 4,9% em abril. É a menor taxa para o mês de abril desde o início da série histórica pesquisada pelo IBGE, em 2002.
Ao mesmo tempo, em abril, a inflação oficial registrou a menor taxa em seis meses. A queda no preço dos alimentos influenciou na desaceleração do IPCA-15, medida em maio e divulgado pelo IBGE na quarta-feira, dia 21. Dois acontecimentos notáveies para a população e o trabalhador brasileiros. Mas insuportável para a mídia golpista e o velho tucanato de sempre, que não suportam a ideia do sucesso do projeto democrático-popular do presidente Lula, reafirmado e aprofundado pela presidente Dilma seja no campo econômico, seja no social.
Imediatamente após o da queda histórica do desemprego e da inflação baixa as velhas aves agourentas do passado abriram o bico para tentar desqualificar os números estatísticos. A revista "Veja" foi a primeira a tentar desmontar a credibilidade da pesquisa apresentada pelo IBGE. Seguiram-na os jornais "Folha" e o "Estado de S. Paulo".
Estranho que não se via idêntica indignação e contra-reação desses mesmos personagens e veículos há 12 anos. Em 2002, o tucano FHC deixava aos brasileiros um legado desolador do país. O Brasil ocupava o segundo lugar no ranking mundial do desemprego em números absolutos, com 11,454 milhões de pessoas sem trabalho. Perdia apenas para a Índia, com 41,344 milhões de desempregados. Além disso, FHC presenteou o governo Lula com um cavalo de Troia inflacionário de 12,65% ao anos.
A população sabe fazer as comparações devidas. Tanto que tem mantido sua confiança na política econômica e na gestão da presidente Dilma, confiança essa expressa no percentual de 40% das intenções de voto para as eleições de outubro. A soma dos índices da oposição sequer arranham a sucessora de Lula.
Quando em recente programa eleitoral o Partido dos Trabalhadores alertou para o risco da volta ao passado, não o fez por terrorismo, como tenta vender a mídia golpista de sempre, mas para que fiquemos atentos aos ataques da oposição. Não iremos permitir a volta dos "espectros fantasmagóricos" que aterrorizaram o país no passado. O retorno da oposição ao tem o poder de promover atrasos ao país na forma de desemprego, recessão e arrocho salarial. Quem tem lado sabe que é preciso estar atento, com um olho no futuro e outro no passado. Este olho no passado é para evitar que outros e certos espectros fantasmagóricos tentem voltar com as ameaças às conquistas dos brasileiros.
A oposição já é conhecida por fazer uso de medidas impopulares, bem como reduzir direitos que o povo e a nação conquistaram. Semana passada, o próprio tucano Aécio Neves admitiu que adotará medidas impopulares desde que elas sejam favoráveis ao “desenvolvimento do Brasil”. Isso sim é uma tática terrorista do “quanto pior, melhor”. A velha força do atraso travestida de grande novidade não apresenta projeto, não apresenta saídas. Mas se concentra em tentar desconstruir o governo da presidente Dilma. Esse objetivo deles é o de quanto pior, melhor. Não podemos acreditar em gente desse tipo.
“Defensores” da Petrobras: lobos em pele de cordeiros
Escrito por Jakson Andrade Publicado em ArtigosAs empresas Aramco da Arábia Saudita e a Total da França estão construindo uma refinaria de petróleo com capacidade de refino de 400 mil barris por dia. Ela custará U$ 10 bilhões. A mesma Aramco constrói outra refinaria, no Texas, em parceria com a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, com capacidade de processamento de 350 mil barris por dia. Custará R$ 10 bilhões de reais. A chinesa Sinopec está construindo uma refinaria com capacidade de processamento de 200 mil barris por dia. Custo, U$ 9 bilhões.
Vamos ao ponto.
A quem interessa criar um clima de fim do mundo pelo fato da Petrobras ter gasto U$ 1,2 bilhão para adquirir uma refinaria na California com capacidade de processamento de 100 mil barris por dia e capacidade de estocagem de 6 milhões de barris? Pior: esse valor nem corresponde ao custo real da refinaria. Dos U$ 1,236 bilhão pago na compra da refinaria, U$ 340 milhões foram gastos na compra dos estoques de petróleo e derivados que a refinaria possuía, que já foram processados e vendidos inclusive. Sendo assim, o custo da compra da refinaria seria algo em torno de U$ 896 milhões.
Independente das investigações sobre os problemas na Petrobrás é certo que há uma guerra especulativa contra a empresa, e que agora ganha contornos políticos e eleitorais. São os mesmos neoliberais que insistem em atacar a gestão estatal que desde 2003 iniciou o processo que fará da Petrobrás uma empresa verdadeiramente pública e voltada para os interesses nacionais.
Mais uma vez, a Petrobrás volta a ser palanque de disputas políticas em ano eleitoral. Foi assim no governo Lula, foi assim em 2010 e não seria diferente esse ano, quando as pesquisas eleitorais refletem o apoio popular ao governo Dilma. Tensionada, a oposição, em conluio com a velha mídia, mira na Petrobrás para tentar desmoralizar a gestão pública da maior empresa brasileira.
Os mesmos PSDB e DEM, que quando governaram o país fizeram de tudo para privatizar a Petrobrás, trazem de volta à cena política antigas denúncias sobre refinarias adquiridas pela empresa no exterior e tornam a atacar as que estão em fase final de construção no Brasil. Quem acompanha a nossa indústria de petróleo sabe da urgência de reestruturação do parque de refino da Petrobrás, que, durante o governo do PSDB/DEM, foi sucateado e estagnado, assim como os demais setores da empresa.
Quando exercia o papel de governista (dos anos 90 até 2002), a oposição demo-tucana quebrou o monopólio estatal da Petrobrás, escancarou a terceirização, privatizou alguns setores e unidades da empresa, reduziu drasticamente os efetivos próprios, estagnou investimentos em exploração, produção e refino e ainda tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax. Foi nessa época que a empresa protagonizou alguns dos maiores acidentes ambientais do país e o afundamento da P-36.
Agora, a Petrobras volta à cena. Não permitiremos que sangrem esse empresa em um ringue de disputas políticas partidárias eleitorais, como querem os defensores da CPI. Reagiremos à altura contra qualquer retrocesso que possa ser imposto à maior empresa brasileira, alavanca do desenvolvimento do país.