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Segunda, Jul 04 2016

O número de aposentados que pedem a desaposentadoria – troca do benefício na Justiça por outro mais vantajoso – mais que dobrou desde o anúncio de uma possível reforma da Previdência. Até agora, pelo menos 180 mil processos estão à espera de um sinal verde em tribunais do país – contra 70 mil casos somados até o fim do ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).

Ainda que alguns tribunais de instâncias inferiores venham reconhendo esse direito, a desaposentadoria (ou desaposentação) só será de fato concedida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que os pedidos são válidos.

A Justiça chegou a conceder a troca do benefício em casos isolados antes de a questão chegar ao STF.

O julgamento, que valerá para todas as ações em andamento, ainda não tem data para acontecer. Até lá, a obtenção do benefício permanece incerta.

A “desaposentadoria” é o direito do trabalhador aposentado de pedir na Justiça um novo cálculo do benefício, na tentativa de aumentar o seu valor. O INSS não reconhece esse direito, por isso ele só pode ser pleiteado na Justiça – sem a garantia, até agora, de que será concedido em todos os casos.

Em abril, o INSS tentou suspender todos os processos que tramitam na Justiça no país pedindo a desaposentadoria, mas o STF negou o pedido e também um recurso do órgão que insistia na suspensão.

Segundo a diretora do IBDP, Gisele Kravchychyn, com essa decisão, os pedidos na justiça ainda podem ser julgados, mas as decisões em primeira e segunda instância estão condicionadas à decisão dos ministros do Supremo.

Julgamento parado

O julgamento está parado desde o final de 2014, quando a ministra Rosa Weber fez um pedido de vista (solicitou um tempo para analisar melhor sua decisão). Até agora, quatro dos 11 ministros votaram, com empate, sobre os dois recursos extraordinários que correm no STF sobre a “desaposentadoria”.

Pelo mecanismo da “desaposentadoria”, o aposentado que continuou trabalhando e contribuindo para a Previdência poderia renunciar ao direito de receber o benefício pago pelo INSS e que foi gerado pelo fator previdenciário.

Esse mecanismo, criado em 1999, reduz o valor da aposentadoria para quem parou de trabalhar mais cedo. Ele leva em conta o tempo de contribuição do segurado, sua idade quando pediu o benefício e a expectativa de vida.

Na prática, ao cancelar o primeiro benefício o segurado deverá receber na segunda aposentadoria proporcionalmente a todas as contribuições realizadas até então, de forma que o período trabalhado com novas contribuições para a Previdência servirá para melhorar o valor do benefício.

Veja perguntas e respostas sobre a desaposentadoria:

Quem pode pedir a desaposentadoria?

Quem já se aposentou pelo fator previdenciário (mecanismo que permite se aposentar mais cedo, mas que reduz o valor do benefício) e continua contribuindo para a Previdência Social pode pedir a troca do benefício na Justiça. O direito de pedir a "desaposentadoria", contudo, não garante que ela será concedida.

Como que o aposentado que contribui poderia melhorar o benefício por esse mecanismo?

Quanto mais novo o trabalhador e menor seu tempo de contribuição ao se aposentar, menor é o benefício recebido pelo chamado fator previdenciário. Por isso, se o aposentado continua a trabalhar, seu tempo de contribuição e sua idade aumentam, tornando o valor do benefício mais favorável.

Qual o possível impacto da desaposentaria nas contas públicas?

Ao pedir a suspensão de todos os pedidos de "desaposentadoria" no STF, o INSS argumentou que o impacto financeiro da matéria para os cofres da Previdência Social poderia chegar a R$ 181,8 bilhões nos próximos 30 anos. Mas o IBDP, que é parte na ação, discordou desse número.

A presidente da entidade, Jane Berwanger, diz que ele considera a hipótese de todos os aposentados que ainda trabalham receberem a "desaposentação". "Além disso, o impacto de R$ 6 bilhões ao ano não é significativo, representa 1,53% do que a Previdência gasta anualmente com benefícios e só vai pedir a troca quem contribuiu depois de aposentado”, afirmou na ocasião.

Já é possível se desaposentar?

Hoje, o INSS não reconhece a desaposentadoria, ou seja, não admite que o segurado renuncie ao benefício recebido para pedir outro, com base em novas condições de contribuição e salário. Por isso, os aposentados que continuam trabalhando e contribuindo para o INSS têm recorrido à Justiça para tentar um benefício maior, sem garantia de conseguir.

Como o STF vê a desaposentadoria?

A questão da desaposentadoria chegou ao STF por um recurso extraordinário que vai servir de base para todas as ações judiciais no país. Em agosto do ano passado, dois ministros votaram contra a possibilidade do benefício – Dias Toffoli e Teori Zavascki –, enquanto outros dois votaram a favor – Luís Roberto Barroso e Marco Aurélio Mello.

O julgamento, no entanto, foi interrompido por um pedido de vista da ministra Rosa Weber, que queria mais tempo para analisar a matéria. Desde então, o processo não voltou à pauta do STF e as dúvidas sobre a possibilidade de recálculo continuam.

Existe previsão de alguma lei sobre a desaposentadoria?

A Câmara dos Deputados aprovou por maioria de votos, em setembro do ano passado, uma emenda constitucional que prevê a chamada desaposentadoria. A matéria ainda precisa passar pelo Senado Federal e pelo presidente da República, e foi incluída como emenda à medida provisória (MP) que mudou o cálculo da aposentadoria pela fórmula 85/95.

Pelo texto da Câmara, haverá uma carência de 60 novas contribuições após a primeira aposentadoria para que o trabalhador possa pedir o “recálculo” do benefício.

Segunda, Jul 04 2016

"Desenvolvemos nossos produtos com o objetivo de atender mulheres que valorizam a sofisticação, o requinte e o conforto sempre com um olhar contemporâneo", dizem peças publicitárias da marca de roupas femininas Brooksfield Donna.

Mas uma investigação de fiscais do Minstério do Trabalho sugere que esse objetivo possa estar sendo cumprido com ajuda da exploração de trabalho escravo.

Após inspeção em uma das oficinas subcontratadas pela empresa, em São Paulo, no início de maio, auditores do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo, do Ministério do Trabalho e Emprego autuaram a marca por trabalho análogo à escravidão e trabalho infantil, em mais um triste flagrante escondido por trás de catálogos de roupas luxo no Brasil.

Cinco trabalhadores bolivianos - incluindo uma menina de 14 anos - foram encontrados na pequena oficina no bairro de Aricanduva, cuja produção era 100% destinada à marca. Sem carteira assinada ou férias, eles trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes com cheiro forte, onde os locais em que ficavam os vasos sanitários não tinham porta e camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico.

Os salários dos trabalhadores bolivianos dependiam da quantidade de peças produzidas - R$ 6,00, em média, por roupa costurada. Na cozinha, perto de pilhas de retalhos e muita sujeira, foram encontradas panelas com arroz e macarrão para a alimentação de famílias inteiras.

Procurada pela reportagem, a Via Veneto, proprietária da Brooksfield Donna, negou vínculo com a oficina e afirmou que "não mantém e nunca manteve relações com trabalhadores eventualmente enquadrados em situação análoga a de escravos pela fiscalização do trabalho".

Vínculo

Com valores unitários que podem ultrapassar R$ 500,00 nas lojas, todas as peças apreendidas tinham etiquetas da Brooksfield Donna. Segundo o Ministério do Trabalho, a empresa se recusou a pagar os direitos trabalhistas dos resgatados - o valor total estimado pelas autoridades, somando os cinco trabalhadores, seria de R$ 17,8 mil.

À BBC Brasil, em nota, o departamento de marketing da Via Veneto afirmou que "a empresa não terceiriza a prestação de serviços e seus fornecedores são empresas certificadas. A empresa cumpre regularmente todas as normas do ordenamento jurídico que lhe são aplicáveis".

Questionada, a marca se recusou a comentar o flagrante específico do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), as etiquetas e anotações referentes à marca encontradas nas roupas e o fato de toda a produção ser feita com exclusividade para a Brooksfield Donna.

Também preferiu não explicar como funciona sua cadeia de produção, nem a finalidade da subcontratação de oficinas de costura como a encontrada pelos fiscais.

De acordo com o relatório da inspeção do MTE, apresentado com exclusividade à BBC Brasil e à ONG Repórter Brasil, a marca "é inteiramente responsável pela situação encontrada na oficina" e foi considerada "a real empregadora", responsável "pelos ilícitos trabalhistas constatados".

Os auditores argumentam que a Via Veneto comanda o processo de "definição do tipo e quantidade de peças desejadas", estipula os preços de custo e venda e é responsável pela "aprovação das peças-pilotos que serão utilizadas como modelos a serem reproduzidos no corte e na costura", além dos prazos para entrega e do controle de qualidade, feito por "inspetores de qualidade designados pela Via Veneto".

Só depois da aprovação pela marca de roupas, segundo o relatório, "é realizado o pagamento à confecção, e por sua vez, o repasse à oficina, e na sequência, o pagamento aos trabalhadores mantidos em informalidade na oficina de costura".

"Os fornecedores são totalmente dependentes economicamente dela, constituindo-se, na verdade, em meros intermediadores de mão de obra barata e precarizada."

Responsabilidade

A adolescente de 14 anos flagrada pelos auditores só se levantou da mesa de trabalho quando percebeu que acabava de perder o "emprego", contou à BBC Brasil a auditora-fiscal Livia Ferreira.

"Mesmo depois de o dono tentar impedir que entrássemos, ela continuou na máquina. Só saiu quando nos viu e subiu para o quarto, bastante assustada", diz, descrevendo "um ambiente desorganizado, sujo, improvisado, em que qualquer pessoa não gostaria de estar".

Ela conta que, na maior parte das fiscalizações, os imigrantes encontrados em situação análoga à escravidão viviam na miséria em seus países.

"Eles vêm para o Brasil porque a situação onde estavam é muito ruim", diz. "Esta é a crueldade da vulnerabilidade social. Muitas vezes o próprio trabalhador não consegue visualizar que o estamos tirando de uma condição de escravidão."

Segundo o relatório da fiscalização, "apenas com muitas horas de trabalho os trabalhadores imigrantes conseguiriam gerar renda suficiente para garantir as despesas com alimentação e moradia administradas pelo gerente da oficina, além da almejada sobra que, remetida à Bolívia e convertida em moeda local, poderia minimamente prover a subsistência de uma família inteira".

"Na prática, no modelo adotado naquele núcleo fabril, não há qualquer limitação de jornada, sendo inexistentes os limites, inclusive de espaço físico entre a vida fora e dentro do trabalho", prosseguem os auditores. "Esta jornada, agravada pelo ritmo intenso, pelo nível de dificuldade, detalhamento e concentração exigidos no trabalho de costura de peças de vestuário, (...) tendo ainda em vista a remuneração por produção, sem limites físicos entre o ambiente produtivo e de vivência, leva os trabalhadores ao esgotamento físico e mental."

Diante da recusa da Brooksfield Donna em reconhecer o vínculo com a oficina e pagar as verbas trabalhistas e de indenização aos trabalhadores, o Ministério Público do Trabalho instaurou um inquérito civil contra a marca, que deve recorrer.

Segunda, Jul 04 2016

O volume de vendas no comércio varejista cresceu 0,5% de março para abril, com alta de 1,2% na receita nominal, segundo dados divulgados hoje (14) pelo IBGE. Na comparação com abril do ano passado, o setor tem queda de 6,7%, a 13ª seguida nessa base de comparação. De acordo com o instituto, o varejo acumula retração de 6,9% no ano e de 6,1% em 12 meses, mantendo trajetória descendente iniciada há dois anos. Já a receita tem variação positiva: 5,2% ante abril de 2015, 4,8% no ano e 3,2% em 12 meses.

No mês, influenciaram o resultado positivo os setores de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1%) e tecidos, vestuário e calçados (3,7%), entre outros. Registraram queda as atividades de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,9%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-3,4%). No total, três de oito atividades tiveram crescimento.

Na comparação anual (com abril de 2015), foi também o setor de hipermercados/supermercados que puxou o resultado para baixo, com retração de 4,4%. Segundo o IBGE, a queda, a 15ª consecutiva, foi a mais intensa nos últimos dois meses. O segmento acumula redução de 3,2% no ano e de 3,1% em 12 meses.

"Esta atividade vem tendo seu desempenho influenciado pela perda da renda real e pelo comportamento dos preços do grupamento alimentos no domicílio medido pelo IPCA", diz o instituto.

A segunda maior influência no resultado negativo veio do segmento de combustíveis e lubrificantes, que caiu 10,8% ante abril do ano passado. Acumula -9,8% nos primeiros quatro meses deste ano e -8,2% em 12 meses. "O desempenho da atividade foi influenciado pela elevação do preço de combustíveis, além da perda de renda real e restrição de crédito", informa o IBGE.

Considerando o chamado comércio varejista ampliado, se destacam as quedas de veículos e motos, partes e peças (-13,8% ante abril do ano passado) e de material de construção (-13%). Em 12 meses, os setores acumulam retração de -17,2% e -11,6%, respectivamente. "Estas variações foram influenciadas pelo menor ritmo da atividade econômica e pelo comprometimento da renda familiar.

Sexta, Jul 01 2016

O governo ilegítimo de Temer já anunciou publicamente que quer mexer nas regras de financiamento do FAT. Pela PEC (Proposta de Emenda Constitucional), ainda não enviada ao Congresso, Temer defende o fim do repasse de 40% das verbas do Fundo para o BNDES. A proposta determina também a desvinculação do PIS/Pasep, principal fonte de recursos do FAT, para ser usado em outras finalidades. Esta mudança vai inviabilizar o pagamento do abono salarial.

Por fim, as medidas, na prática, vão acabar com o dinheiro usado para pagar o seguro-desemprego. As medidas propostas pretendem canalizar essa dinheiro para pagar outras despesas.

“Isso é grave, é dramático. O FAT vai acabar em pouco tempo caso a proposta seja aceita”, informa o secretário nacional de Finanças e Administração da CUT, Quintino Severo. Quintino é o conselheiro da Central no Conselho Deliberativo do Fundo (Codefat).

BNDES

Pela lei que criou o FAT, em 1990, 40% dos recursos são emprestados para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Esse dinheiro é atualizado mensalmente pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), e esse excedente é repassado regularmente para o FAT. O montante dos recursos continua pertencendo ao FAT, e nas mãos do BNDES é aplicado em programas de infraestrutura e em financiamentos para empresas. “Trata-se, portanto, de uma finalidade que gera emprego e renda”, avalia Quintino. “Isso vai desaparecer”.

Abono salarial

O abono é pago anualmente a trabalhadores de baixa renda e para parte do contingente de desempregados que puder comprovar um determinado tempo de registro em carteira. “Este ano, a previsão é de que o pagamento do abono vai injetar na economia algo em torno de R$ 17 a 20 bilhões na economia”, informa Quintino. Ano que vem, caso esta proposta do Temer tenha espaço, isso acaba.

“Claro que o governo ilegítimo não vai dizer isso, mas na prática é o fim do FAT”, insiste o dirigente da CUT. “Eles vão pegar um patrimônio dos trabalhadores e usar para ajuste fiscal, aliviando a carga para a elite”.

Outra finalidade do FAT é financiar o Sistema Nacional de Emprego (Sine), que inclui as (CATs) centrais de trabalho e renda, sob administração das prefeituras, onde são oferecidos empregos abertos pela iniciativa privada e poder público. O Sine também oferece cursos de qualificação.

A CUT promete resistir à iniciativa, seja em sua participação no Codefat, nas manifestações organizadas pelo “Fora Temer” e na pressão sobre o Congresso.

Sexta, Jul 01 2016

Em discurso no Pará no início da noite de hoje (30), a presidenta Dilma Rousseff usou um simbolismo para caracterizar o golpe de Estado que a afastou do Palácio do Planalto. “No passado, o golpe era como um machado cortando uma árvore. Hoje, é feito pela aliança oligopólica com a mídia, e toda essa corja de seguidores de Eduardo Cunha e do vice Michel Temer. Eles não querem e não vão usar o machado para cortar a árvore, eles vão atacar a árvore com parasitas e fungos. Esse é o golpe parlamentar”, disse, em ato pela democracia em Belém. “O golpe é tomar a árvore da democracia e infestá-la de parasitas.”

“Vamos nos manter mobilizados. Vamos nos manter atentos. Quando a gente grita, chia, eles voltam atrás. Se eu voltar no mês de agosto, ao voltar nós vamos reconstruir este país, vamos reconstruir a unidade entre nós, devolver os direitos que foram retirados, fazer a economia voltar a crescer e acabar com a tática do quanto pior melhor, a tática que eles plantaram para criar o ambiente do golpe. Agora estamos conscientes do que aconteceu.”

Ela lembrou que, em menos de 50 dias de governo interino, três ministros de Temer foram afastados por ser citados em denúncias relacionadas à Operação Lava Jato: Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle). Segundo Dilma, o país passa por um período em que “toda a história se concentra num momento”. “Está em curso no Brasil um golpe contra a democracia, contra os direitos individuais e coletivos, contra as políticas sociais, contra a afirmação do Brasil como nação soberana e contra nossas principais riquezas”, acrescentou, citando vários dos programas sociais e projetos desenvolvidos por seu governo, como o pré-sal e o Mais Médicos, ou políticas sociais representadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ameaçado pela política econômica de Temer.

Dilma mencionou a sugestão de golpistas e opositores para que renunciasse. “Por que cargas d’água eu deveria renunciar? Há uma suposição sempre falsa sobre as mulheres neste país. Que nós somos fracas. Nós não somos fracas.”

Ela voltou a afirmar não haver motivo jurídico para o golpe e que não pesa contra ela nenhuma acusação, ao contrário de seus adversários. “Mais uma vez faltam com a verdade. Eles nunca contam a história toda. Não há crime. Eu não tenho contas no exterior. Eu não roubei dinheiro público nem privado de ninguém, tenho uma vida pública limpa.”

Sexta, Jul 01 2016

Em primeiro lugar, é preciso fazer a rede CUT funcionar plenamente. “Isso será um grande passo para a esquerda brasileira”, sentenciou Roni Barbosa, secretário nacional de Comunicação da Central. O passo seguinte, que pode ser dado simultaneamente, é criar uma cadeia nacional de comunicação.

“Precisamos ter rádio e televisão. Uma programação diária, de duas horas, a começar pelo rádio, que é mais barato, e partir também para o desafio da televisão”, completou o secretário, na abertura oficial do 9º ENACOM (Encontro Nacional de Comunicação da CUT), na noite de terça-feira. Segundo Roni, iniciativas concretas nessa direção estão sendo tomadas, em conjunto com outros atores sociais. A proposta é ser um projeto para toda a esquerda, incluindo movimentos não ligados organicamente a partidos ou centrais.

“Não fizemos isso em 13 anos de governo. Mas vamos fazer agora. Mesmo com tudo que eles (a direita) têm, nós temos condições de ir pra cima deles”, afirmou Roni.

Um dos elementos necessários para atingir esse objetivo foi apresentado pelo depoimento de Vera Paoloni, secretária de Comunicação da CUT-Pará. Ela contou que despertou para o tema comunicação depois de ter participado de um dos cursos de Formação em Comunicação promovidos pela Central. “Foi um aprendizado de solidariedade, acima de tudo. É aprender a derrubar as ’caixinhas’. O maior mérito do curso foi nos ensinar a derrubá-las”, disse Vera. Outro ingrediente necessário para a tarefa, segundo Vera, ela está experimentando ao produzir comunicação em conjunto com a Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo: “Paciência. Paciência para administrar egos e tantas verdades cristalizadas”.

Admirson Medeiros, o Greg, secretário-adjunto de Comunicação, defendeu a necessidade de criar uma rede própria de hospedagem para conteúdo progressista em formato digital. Trabalhador do setor de tecnologia da informação, Greg lembrou que nada substitui o contato direto com a base. “Nosso desafio também é tirar o dirigente da tela dosmartphone e fazê-lo dialogar diretamente com os trabalhadores e trabalhadoras”.

Rosane Bertotti, secretária de Formação e ex-secretária de Comunicação, por dois mandatos, destacou que a construção de uma rede de informação contra-hegemônica segue a mesma trilha da construção, por exemplo, de uma central como a CUT. “Quando a gente olha para nossa história, vemos muitas vitórias e lacunas. Porque nossa luta no mundo do trabalho é feita de sonhos e realizações. E nesse período que vivemos, nunca a comunicação foi tão demandada”.

Ela destacou a luta pela manutenção da estrutura, ainda incipiente, de um sistema público de comunicação. “O Temer quer acabar com a EBC. E nós precisamos resistir”, comentou. Rosane alertou que há um novo edital para eleição do conselho da empresa. “Temos de nos apropriar dessa luta para garantir a presença da classe trabalhadora na EBC”.

Para o secretário nacional de Administração e Finanças, Quintino Severo, o golpe em curso no Brasil é voltado para tirar direitos, atacar os mais necessitados e está fincado em preconceitos de todo o tipo. Portanto, na opinião dele, o envolvimento das categorias representadas pela CUT é essencial. “Esse é um grande desafio. Precisamos mostrar que o projeto do governo golpista é fazer o Brasil retroceder à Idade Média”. Daí, concluiu, a importância da comunicação.

“Temos de agir solidariamente, ou o golpe vai nos roubar inclusive nossas almas”, concluiu Vera Paoloni. E, finalmente: “Fora Temer”.

Terça, Jun 28 2016

Na próxima reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), dia 29 de junho, Quintino Severo, secretário de Administração e Finanças da CUT e conselheiro da Central no órgão, defenderá o acréscimo de duas parcelas do seguro-desemprego para trabalhadores que foram demitidos entre janeiro e junho de 2016 e que atuam nas áreas mais afetadas pelas demissões.

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) está na fase final de elaboração do estudo que determinará quais categorias e estados foram mais afetados pelo desemprego e que, portanto, serão atingidos pelo benefício.

Dessa forma, trabalhadores que foram demitidos e que teriam, por exemplo, três parcelas do seguro-desemprego para receber, serão contemplados com cinco, se estiverem enquadrados na categoria e estado apontados pelo estudo do Dieese.

O Codefat é um colegiado de caráter tripartite, o conselho tem entre suas missões gerir os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que custeia programas como o seguro-desemprego.

“Esperamos receber o apoio de empresários, do governo e, obviamente, da bancada dos trabalhadores. Essa tema é sensível e neste momento a medida que estamos apresentando é fundamental para a vida dos trabalhadores”, afirmou Quintino Severo, secretário nacional de Finanças e Administração da CUT.

A medida pode ser votada ainda no dia 29 de junho, data da reunião do Codefat e quando a proposta será apresentada. Porém, qualquer conselheiro pode pedir vistas do processo e adiar em até 30 dias a votação.

“É uma medida urgente, que precisa ser debatida e votada já no dia 29, não podemos ficar aguardando”, afirmou Quintino.

Sexta, Jun 17 2016

A gestão Michel Temer já deu sinais de saber muito bem que não há almoço grátis. Os empresários que financiaram o golpe agora cobram celeridade em uma reforma trabalhista baseada no avanço do negociado sobre o legislado e na aprovação da terceirização sem limites.

Durante reunião do Coletivo Nacional de Mulheres da CUT, na manhã desta quarta-feira (15), em São Paulo, a socióloga e representante do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Adriana Marcolino, apontou que o progresso desses dois pontos é o suficiente para desregulamentar o mercado de trabalho.

“Ao permitir que a convenção coletiva prevaleça sobre normas legais, o negociado sobre o legislado, você abre espaço para que, em épocas de crise como a que vivemos agora, patrões falem ‘ou seu empregou ou o pagamento de hora extra’. E muitos trabalhadores, com a corda no pescoço, vão topar medidas que retiram direitos para manter o trabalho. Além disso, temos um problema de a sindicalização ser muito baixa no Brasil e a legislação engessar a própria atuação dos sindicatos”, explica.

Já em relação à terceirização, com base nos programas do PMDB “Ponte para Futuro”, “Agenda Brasil” e “Travessia Social”, ela observa que a regulamentação desse modelo de contratação se daria pelo viés da precarização.

“Essas plataformas falam de regulamentar terceirização paga garantir ambiente seguro às empresas, para que não sejam processadas, e não para garantir condições dignas aos terceirizados. Com negociado sobre legislado e a terceirização neste viés há a reforma completa trabalhista que eles querem, desconstruindo direitos dos trabalhadores”, define.

Para Adriana Marcolino, a crise é uma oportunidade única para os setores que financiaram o golpe promoverem arranjos profundos na Constituição cidadã de 1988.

“Há percentuais do PIB (Produto Interno Bruto) que os governos devem investir em saúde e educação e o governo interino quer desmontar essa obrigatoriedade, estabelecer um teto. Em 1988, o ganho foi justamente garantir educação e saúde universais e verbas para financiar políticas.”

Ela diz que o mesmo vale para o mercado de trabalho, que cresceu em qualidade e formalização e agora é alvo central do ajuste.

“A atual característica do desemprego não é a rotatividade, mas a destruição de postos de trabalho. Tivemos a melhoria na qualidade do emprego, aumentamos postos formais, tivemos ganhos salariais sensíveis e uma crise dessa é a oportunidade para reestruturação pelos empregadores e para um ajuste muito forte na economia via mundo do trabalho."

Exemplos do retrocesso

Os apertos, ressaltou Adriana, utilizam o argumento do equilíbrio fiscal e da desburocratização do país para permitir ações como a diminuição da obrigatoriedade de licenciamento ambiental para empresas impedirem a taxação de renda.

Enquanto isso, do outro lado, o país mantém uma política que beneficia rentistas e paga R$500 bilhões de juros ao rentistas, cinco vezes mais do que o orçamento do SUS (Sistema Único de Saúde).

“Vão estabelecer teto de custeio, acabar com políticas sociais e dois, três anos podem diminuir impostos porque não têm mais políticas para financiar. E essas medidas estão tramitando com muita velocidade, porque esse Congresso, o mais conservador desde 1964, está alinhado com isso”, avalia.

Como mudar

Adriana Marcolino sugere mudar a aferição das metas de inflação para cada três anos, como forma de fazer com que a economia possa refletir medidas voltadas à geração de emprego e evitar choques de curto prazo que sacrificam o desenvolvimento.

Além disso, ela defende ampliar o investimento em infraestrutura, especialmente para destravar os setores de petróleo e gás, a construção civil, o setor social e a redução da taxa de juros.

“Cada vez que aumenta a taxa Selic, os títulos que o governo vende para se financiar ficam mais atrativos, valem mais para quem vive de especulação, e o setor produtivo sofre com dificuldade para investir na produção”, conclui.

Sexta, Jun 17 2016

A rede Walmart assumiu o compromisso de pagar R$ 1,250 milhão para reparar dano moral causado à coletividade em sessão promovida pela semana de conciliação promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho no Rio Grande do Norte (TRT/RN). A empresa responde a dois processos movidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT/RN). Os valores serão revertidos a seis instituições beneficentes de Natal.

O acordo é referente a duas ações ajuizadas pelo MPT/RN por irregularidades relativas à jornada dos trabalhadores do supermercado Sam’s Club, que integra a rede, em Natal. Dessa forma, ficou estabelecido ainda que a empresa deixe de praticar jornadas excessivas e conceda os intervalos e repouso devidos, segundo a legislação vigente, sob pena de multa diária de R$ 5 mil, caso descumpra as obrigações.

“Houve caso em que o empregado trabalhou, em pleno sábado, 13 horas e 26 minutos, totalizando jornada de 5 horas e 26 minutos a mais do que sua jornada contratual de 8 horas diárias”, conta o Procurador Regional do Trabalho José de Lima Ramos Pereira, que assina as ações e participou da audiência de homologação do acordo, presidida pelo juiz do Trabalho Dilner Nogueira Santos.

Em relação à concessão de intervalos intrajornadas abaixo do tempo mínimo legal ou de forma irregular, a fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, à época, contabilizou mais de 5 mil violações comprovadas.

Além disso, foram 104 ocorrências registradas de concessão do intervalo entre duas jornadas inferior às 11 horas legais, com destaque para um caso em que o trabalhador terminou a jornada às 23 horas e 42 minutos e começou nova jornada às 6 horas e 16 minutos do dia seguinte, ou seja, com apenas 6 horas e 34 minutos de descanso, de uma jornada para a outra.

As irregularidades foram verificadas quando da fiscalização do cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta nº 1459/2009, firmado pelo Walmart perante o MPT/RN. Constatadas diversas violações às cláusulas pactuadas, foi ajuizada ação de execução do TAC nº 69900-91.2013.5.21.006 e, como a empresa não aceitou firmar novo TAC relativo aos novos ilícitos flagrados, foi ajuizada também a ação civil pública nº 70000-52.2013.5.21.0004 para cessar as falhas.

ENTIDADES BENEFICIADAS:

1) Liga Norte Riograndense Contra o Câncer: R$ 470 mil;
2) Hospital Infantil Varela Santiago: R$ 280 mil;
3) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (RN): R$ 250 mil;
4) Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN (Sadef): R$ 100 mil;
5) Centro Espírita Irmãos do Caminho: R$ 100 mil;
6) Instituto do Bem: R$ 50 mil;

Sexta, Jun 17 2016

67% dos brasileiros avaliam de forma negativa o governo interino do vice-presidente, Michel Temer, 32% acham que ele é pior do que esperavam e o futuro não é nada animador: o desemprego vai aumentar (52%), os direitos trabalhistas (55%) vão piorar e medidas como idade mínima para aposentadoria vão prejudicar muita gente (77%). Essas são as conclusões da última pesquisa CUT-Vox Populi realizada entre os dias 7 e 9 de junho.

Para 34% dos entrevistados o desempenho de Temer é negativo - 33% acham que é regular, 11% positivo e 21% não souberam ou não responderam. O Nordeste é a Região do País onde o vice tem pior avaliação – 49% negativo, 41% regular e 10% positivo. Em segundo lugar vem o Sudeste com 45% negativo, 42% regular e 13% positivo. No Centro-Oeste, 39% consideram o desempenho negativo, 43% regular e 18% positivo. No Sul, 31% negativo, 45% regular e 24% positivo.

Os trabalhadores e os mais pobres serão mais prejudicados

Com um mês de governo interino, pioraram todos os percentuais de avaliação sobre a gestão golpista com relação a classe trabalhadora e as pessoas que mais necessitam de políticas públicas para ter acesso à saúde, moradia, educação e alimentação digna.

Para 52% dos entrevistados, o desemprego vai aumentar – o percentual dos que acreditam que vai diminuir e dos que acham que não vai mudar empatou em 21%. Na pesquisa anterior, realizada nos dias 27 e 28/4, 29% acreditavam que o desemprego iria aumentar; 26% que iria diminuir e 36% que não ia mudar.

Ainda com relação a pesquisa anterior, aumentou de 32% para 55% o percentual dos que acreditam que o respeito aos direitos dos trabalhadores vai piorar. Para 19% vai melhorar e 20% acreditam que não vai mudar.

Aumentaram também as expectativas negativas com relação aos programas sociais em relação a pesquisa feita em abril. Antes, 34% achavam que com Temer na presidência os programas iriam piorar. Agora, são 56%.

O percentual dos que acreditavam que ia melhorar variou um dígito apenas - de 19% para 18%; e dos que acreditavam que não ia mudar que era de 36% caiu para 19%.

Foram consideradas ruins porque prejudicam a maioria das pessoas, as propostas de Temer de aumentar a idade mínima para aposentadoria (77%), a diminuição de verbas do Programa Minha Casa Minha Vida (54%) e a diminuição do número de pessoas que recebem o Bolsa Família (48%). Acabar com o monopólio da Petrobrás no Pré-Sal e aumentar a privatização de empresas e de concessões de rodovias e aeroportos foram consideradas ruins porque prejudicam o Brasil para 50% dos entrevistados. Para 31% a questão da privatização e das concessões é uma medida necessária e não vai prejudicar o país, outros 19% não souberam ou não responderam. Quanto ao Pré-Sal, 25% acham que não vai prejudicar o país e 25% não souberam ou não responderam.

Temer é pior do que as pessoas esperavam

Para 32% dos entrevistados na pesquisa CUT-Vox Populi, Temer é pior do que esperavam. Empatou em 16% o percentual dos que acham que ele é tão ruim quanto achavam que ia ser e dos que consideram que ele é melhor do que esperavam. Só 7% acham que ele é tão bom quanto esperavam que ia ser e 29% não souberam ou não responderam.

Com relação ao combate a corrupção, 44% acham que vai piorar, 26% melhorar e 25% que não vai mudar. A equipe de ministros de Temer é considerada negativa por 36% dos entrevistados – 32% acham que é regular e 11% positiva. Para 33% foi um erro grave o governo interino não nomear nenhuma mulher, 30% acham que foi um erro, mas não muito grave e 30% que é normal.

O impeachment é a solução para o país?

O percentual de brasileiros que NÃO acreditam que a cassação de Dilma seja a solução para os problemas econômicos do Brasil aumentou para 69%. Na pesquisa CUT-Vox Populi, realizada em dezembro, o percentual era de 57%¨. Nos levantamentos feitos em abril, o índice foi de 58% (9 e 12/04) e 66% (27 e 28/04).

Para 26% o golpe é a solução. Nas pesquisas anteriores, os percentuais foram de 34% (dezembro), 35% 9 de abril e 28% em 27 de abril.

Antecipação da eleição presidencial

A grande maioria dos brasileiros que eleição já para Presidente da República. 67% dos entrevistados acham que o Brasil deveria fazer uma nova eleição para presidente ainda este ano. 29% não concordam com uma nova eleição e 4% não sabem ou não responderam.

A pesquisa

A pesquisa CUT-Vox Populi foi realizada entre os dias 7 e 9 de junho, ouviu brasileiros com mais de 16 anos, residentes em todos os Estados do país, exceto Roraima, e no Distrito Federal, em áreas urbanas e rurais.

Foram ouvidas 2 mil pessoas em 116 municípios.

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